DEPENDÊNCIA NO ENSINO MÉDIO, "MICO" PEDAGÓGICO (Então falo com pregas vocais cheias de calos de tanto ensinar.)
A LDBEN, artigo 24 inciso III trata da progressão parcial, mas a efetivação do procedimento cabe ao Regimento Escolar regulamentar detalhadamente, bem como, definir a grade horária, o uso dos espaços físicos e alocação de professores. O que nunca justifica o constrangimento ao qual o professor é submetido, na maioria das unidades escolares, é melhor aprovar todos os seus alunos, se não terá a pena de salvá-los no ano seguinte, mesmo nem sendo mais seus alunos. Se o professor deixou o aluno retido em sua disciplina na primeira série do Ensino Médio, terá de aplicar, ou melhor, resolver a dependência do mesmo, embora nem seja mais o professor da primeira série — disse-me a outra professora coagida, fugindo da responsabilidade. Nesse caso, o aluno em dependência jamais fará os requisitos de igual forma com as turmas da primeira série em andamento, porém fará sim um "trabalhinho" desconjuntado e facilitado daquele professor agora modulado só na segunda e terceira série. Penso sobre o aluno retido parcialmente cumprir as avaliações dos quatro bimestres, as mesmas, junto dos alunos da série em onde deve a disciplina, é lógico que em outro turno, se ainda estiver legalmente matriculado.
Minha pergunta é: se um aluno vindo, com dependência, transferido de outra unidade, quem a aplicará? E se eu reprovei um aluno em minha disciplina, e ele mudou de unidade, será se eu terei de resolver a dependência dele a distância? Quanto mais se facilita ao aluno, mais se complica ao professor!!!(talvez seja esse o objetivo de certos coordenadores) Aliás, A Progressão parcial é, para o aluno, uma lambança, e para o professor, hora extra não remunerada! Fiz a seguinte pegunta a professores veteranos da escola na qual trabalho: O que mais lhes incomoda quando aplicam a dependência ao aluno? Todos responderam em uníssono: — "preencher as fichas exigidas de cada aluno." Então é melhor sem reprovar ninguém! Mesmo assim, de vez em quando, aparecem alunos desconhecidos, nem sei de onde vieram, encaminhados pela coordenação, retraços do ENCCEJA, esperando minha resolução da dependência.
Todo movimento do ideário pedagógico "moderno" deixa bem claro a cada um, a quem nem precisa ser da área, em especial aos alunos, querendo ou não, serão empurrados literalmente para a série seguinte até sair, mesmo saindo deficitários. Ultimamente, o alunado formado no Ensino Médio confia nas cotas das Universidades, destinadas a palear a vergonha do povo brasileiro amantes dos aproveitadores do sistema educacional público. Quem deveria se importar, senão os próprios alunos: os maiores prejudicados, mas de forma alguma se importam!
Como entender a veracidade dos índices da educação, aumentando o número de diplomados semianalfabetos! Por que continuar jogando a culpa histórica, pelo fracasso escolar de uma parcela avantajada, consumidora dos benefícios do governo, no professor, este sem reconhecimento positivo? Por ser professor público, também sou governo, incoerente, diga-se de passagem, porque não tenho poder na voz; no final de safra, então só reclamo a ouvidos surdos ao meu timbre, palavras verdadeiras, porém baixas, produzidas por pregas vocais já cheias de calos de tanto ensinar.