A incrível falta de sensibilidade do ser humano

Recentemente, eu soube do caso de um rapaz que estava de passagem pela cidade de São Carlos e que estava pendurado pelo lado de fora da grade de um viaduto, pronto a se atirar e colocar fim na própria vida. Felizmente, pessoas chamaram a polícia e uma viatura se aproximou. Um sargento da PM conversou com o rapaz, convencendo-o a não cometer suicídio. A sequência de fotos mostrando a ação da polícia em ajudar o jovem suicida é comovente. Vemos o rapaz sentado na calçada, de cabeça baixa, visivelmente chorando bastante e o sargento a colocar as mãos nos seus ombros. O rapaz estava tão abalado que precisou da ajuda do sargento para levantar do chão e, num gesto que mostra seu estado de vulnerabilidade, abraçou-se ao sargento, que o abraçou e amparou até a unidade de resgate do Corpo de Bombeiros, que o levou à Santa Casa.

Além das imagens comoventes, que nos mostram como o desespero pode nos levar a atitudes extremas e a atitude solidária de alguém pode fazer toda a diferença, houve comentários, alguns compreensivos, de apoio ao rapaz e elogio à atuação da polícia e outros, terrivelmente insensíveis. Muitos disseram que a polícia deveria ter deixado o rapaz morrer, que ele só queria aparecer, que não se devia perder tempo com alguém que dava trabalho aos outros. Pergunto-me se essas pessoas já sentiram depressão ou conviveram com alguém que já se sentiu tão desesperado que pensou que só se matar colocaria um fim na sua dor.

Choca ver como o ser humano pode ser insensível com a dor do ser humano, não se colocando no lugar do outro, não entendendo que a dor pode nos levar a atitudes insensatas.

O que alguém assim dirá se sentir depressão algum dia? Talvez venha a lembrar do rapaz que queria se jogar de um viaduto e da maneira pouco caridosa com que julgou sua atitude.

É triste constatar que há tanta gente insensível, incapaz de ser solidária com a dor emocional das outras pessoas e, por causa de pessoas insensíveis, é que há tanta gente se sentindo sozinha e abandonada.