Ainda menino, comecei a busca pelo que acreditava fosse o conhecimento das coisas misteriosas e ocultas; movia-me, um forte interesse pela magia, pelo inusitado e não explicável a luz do conhecimento empírico.
 A morte causava-me temor e curiosidade, a mesma morte que perquiri quando ceifou a vida do meu avô, autentico preto velho, cuja memória ainda esta guardada em mim, sentado à soleira da porta da cozinha, de cócoras tomando café amargo em caneca de cerâmica pintada.
 Fascinava-me o assunto morte, pois eu ouvia os adultos dizendo: “Quando a morte chega, não tem jeito!” No decorrer dos dias, Livros e livros tornaram-se meus melhores companheiros, frequentei sebos, livrarias, feiras do " rolo" (onde comprei A republica uma das obras de Platão). Filosofia, poesia, romances, tragédias... E silêncio!
 Decorreram os dias, e eu menino, cresci para o jovem adulto, casei ainda jovem adulto, e mais ainda me entusiasmei pela magia, pois casar me fez cônscio doutra magia; a do amor e da sexualidade.
Hoje adulto; sereno e ainda mais meditabundo eu compreendo melhor a vida. Descobri a importância da vida e... Que a morte nunca existiu; que meu avô João esta vivo e compartilha comigo suas experiências do após vida na matéria densa onde deixou o seu corpo, matéria esta, petrificada em conceitos humanos temerários.
Meu avô esta ali, no outro lado da matéria, na matéria sideral, matéria astral, matéria espiritual, matéria natural. A vida é tão somente vida, a morte é tão somente reciclagem e mudança do estado da matéria. Reciclar é preciso e a natureza, o faz com perfeição. Meu Avô se foi, deixando sua memoria, não apenas para mim, mas, também para a natureza. Seu legado, também esta na natureza, pois seu corpo deglutido pelas ondas da vida química foi transformado... Átomos, moléculas, corpos simples e complexos retomaram sua existência no meio natural, construindo outros corpos, dinamizando-os, potencializando.
 Vida e morte, não são mais para mim, e quiçá nunca foi, questão de doutrina ou crença. As religiões destinam longos e complexos discursos para assuntos, que compreendidos a luz da observação do meio natural, se fazem simples e educativos. Sim! Nenhum de nós é simples, todos somos um emaranhado de complexidades, somos discursivos, até mesmo quando estamos em silencio. De forma geral estamos incapacitados para entender a vida, queremos reter, e ter. Por isso dizemos: “Eu perdi meu amado (a)”. Como poderia perder algo que nunca lhe pertenceu?  
Meu raciocínio parece-lhe materialista e severo? Não! Não é! Eu sou entusiasticamente místico, os poetas de referencia, na minha adolescia são místicos e românticos ou românticos e místicos simbolistas, tudo na mesma efervescência da crise pessoal. Alvares de Azevedo, Alphonsus de Guimarães, Lord Byron, Casimiro de Abreu, Cruz e Sousa.  Portanto, a vida que entendo vida, é aquela que nos conduza a libertação das amarras do egoísmo e da violência da retenção.
A natureza é prodiga de divindades e múltipla em harmonias. 
O pássaro que me encanta, com seu cântico, já compreendeu a musica das esferas e seu silencio, entre um canto é outro é devocional; pois, os pássaros já sabem: "Deus reside nas menores partículas e diante do cosmos, o que somos nós?"
 


O Tao Te Ching, Dao de Jing ou Tao-te king, comumente traduzido como O Livro do Caminho e da Virtude, é uma das mais conhecidas e importantes obras da literatura da China. Foi escrito entre 350 e 250 a.C.

A tematica do livro em epigrafe, se faz presente  no texto, nas entrelinhas do discurso filosofico, que ainda que pobre é a vivencia do autor na religiosidade que abraça.


O personagem João meu avô, nasceu negro livre de mãe escrava e viveu até as proximidades dos 100 anos. 

 
Olimpio de Roseh
Enviado por Olimpio de Roseh em 04/02/2014
Reeditado em 05/02/2014
Código do texto: T4678011
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