"AMASSANDO BARRO" (Os nossos alunos são mais inteligentes e espertos do que pensamos, o que lhes falta é o sentido das coisas!)
Encontrei um dos meus alunos de filosofia na pista de Cooper (caminhada) e lhe propus o seguinte silogismo: Se caminhar é melhor do que não caminhar, e correr é melhor que caminhar, logo não caminhar é pior do que não correr.
Então ele me perguntou, gracejando: — para que tanta pressa para morrer dos mesmos males dos que só caminham?
A resposta esperada: viver com qualidade ou morrer com qualidade. Eu nunca subestimo a inteligência e a capacidade de raciocínio dos meus alunos, apenas têm preguiça de pensar. Mas, quando acho algum que se destaca assim, eu o valorizo mais ainda. Porque é deste tipo de que a educação precisa muito: pessoas pensantes.
Todavia, o organograma inchado do sistema educacional tem funções desnecessárias que para justificar sua existência produz o verdadeiro "amassar barro", ou seja, finge que anda, mas não sai do lugar. Se qualquer pessoa se aprofundar nos feitos da escola e sua história percebe as notáveis contradições que faz tudo deslizar na massa mole, ou seja, na "maionese", ou ainda se arrastar em círculo como a barata rodando de pernas para cima, fadada à morte. Estamos vivendo e assistindo bem de perto o vai e vem do tear com os fios embaraçados debaixo do nariz do tecelão que se movimenta infrutiferamente, tentando esconder as pontas soltas para vender um tecido colorido que não se precisa dele.
O desrespeito à educação e aos seus profissionais não seria por que a população descobriu que não precisa da sistematização dela? Talvez a saída seja para cima: As nuvens!
A informatização pode mudar a realidade se ao invés de tomar o aparelho celular do aluno e obrigar que o professor deixe o dele desligado no armário, que as metodologias da educação fossem mais contextualizadas na realidade; e que as normas também contivessem o futurismo das máquinas —"EDUCAR NÃO É CORTAR AS ASAS, E SIM ORIENTAR O VOO.!!!" (madre Maria Eugênia). O "amassar barro" é tão promissor para nosso tempo como o é a criterização dos governos para distribuir as verbas às escolas, pelo número de alunos matriculados: aqui embaixo, sem seleção alguma, priorizamos a quantidade geradora de recurso e a desqualificação por falta de seleção rigorosa, mais do que a excludência do barro amassado, ou melhor, da massa mole que não serve para construir. Os nossos alunos são mais inteligentes e espertos do que pensamos, o que lhes falta é o sentido das coisas! Disse Mahatma Gandhi: "Acredito que um tal sistema educativo permitirá o mais alto desenvolvimento da mente e da alma. É preciso, porém, que o trabalho manual não seja ensinado apenas mecanicamente, como se faz hoje, mas cientificamente, isto é, a criança deveria saber o porquê e o como de cada operação."