O PAPA JESUÍTA; FRANCISCO. CARDEAL BERGOGLIO.

"Quarta-feira 13 de março de 2013. Capela Sistina. Cidade do vaticano, São 16h30 quando os cardeais, após a pausa para almoço, adentram a Capela para a quarta votação, sob os mundialmente famosos afrescos de Michelangelo Buonarroti. Apesar do silêncio na Capela, percebe-se claramente que mais ou menos trinta cardeais são puro medo - como descreveram mais tarde alguns deles. Esses cardeais são os cerca de trinta homens que moram em Roma e administram o governo da igreja, a Cúria. Eles sabem que agora vão precisar evitar algo especial: entrar em pânico. O que eles temem não pode de forma alguma acontecer: que aquele homem que em 2005 já tinha recebido cerca de quarenta votos, venha a se tornar o novo Papa. O QUE ELES DEVEM IMPEDIR A TODO CUSTO É A ESCOLHA DE JORGE MARIO BERGOGLIO." In "Francisco O Papa dos Humildes". Andreas Englisch. Caixa alta nossa.

O soldado basco Inácio de Loyola resolveu fundar a ordem da Companhia de Jesus em 1539. Iria combater de outra forma. Se tornou um homem de Deus após um ferimento em guerra.

O Papa Paulo III reconheceu a Ordem um ano após seu surgimento. Foi incumbida a nova instituição, pelo Papa, de um outro combate, o das ideias, enfrentando o luteranismo acontecido pelo que conta a história por questões de dinheiro, os custos da construção da Basílica de São Pedro e a censura da autoridade papal na venda de indulgências.

Bem antes de formalizarem-se Estados na América Latina, os jesuítas construíram “Estado próprios”, erigindo manufatoras, implantando fazendas, ensinando índios a plantarem e os reconhecendo como seres humanos, condição negada pelos imigrantes.

Ninguém entenderá o perfil do Cardeal Bergoglio se não conhecer os fundamentos dos jesuítas, homens de ação, principalmente na América Latina. Nunca se contentaram os jesuítas neste lado americano em falar sobre Cristo e somente, eles eram antes de tudo homens de ação. É assim Bergoglio. Os jesuítas sempre auxiliaram as pessoas a construir uma vida melhor, digna, que valesse a pena. Criaram as Missões onde os índios encontravam proteção e abrigo. Foram um grande obstáculo contra o escravismo e os poderosos reis de Espanha e Portugal no comércio escravocrata que comandava a política desses povos. Eram tão bons nesse encargo que tomaram para si os jesuítas, que os reis de Espanha e Portugal fizeram com que o Papa dissolvesse a Ordem. Retornou a perseguição, escravismo e a matança dos índios como ocorreu no Rio na perseguição mato à dentro até cabo Frio, dizimados incontáveis indígenas.

Bergoglio confidenciou e se tornou público a diferença da América Latina com a Europa, naquela nunca existiram as guerras divisionárias, como o luteranismo, o judaísmo, as guerras religiosas. Se é um judeu, um católico ou protestante, é indiferente, suas rezas são uníssonas, assim entende o espírito jesuíta de Bergoglio, a quem um rabino na Argentina ia pedir conselhos e publicamente falava que seguia seus ensinamentos.

Para entender o Cardeal Bergoglio é preciso entender os jesuítas, a conhecida ordem da ação, nunca da reclusão ou inércia de motivação, mais real que erudita, mais andarilha que confinada aos livros, mais guerreira das ações que multiplicam do que de palavras que embora edifiquem se perdem na inação.

Faz aproximados quinhentos anos as imagens lavradas na Capela Sistina por Michelangelo Buonarroti, restauradas após grande debate faz poucos anos, iriam assistir um embate político pouco conhecido daqueles que esperam só a fumaça branca indicando a eleição papal, sem saber a grande luta existente nos bastidores, luta política na qual sempre se envolveu a igreja quando detinha o poder temporal, e de especiarias personalistas contemporaneamente, diante do grande exercício da influência espiritual do líder religioso do Vaticano sobre a dominação das ideias políticas que frequentam o mundo.

Grandes resistências se formaram diante da possibilidade do latino-americano Bergoglio se alçar à Cadeira Papal. Eram explícitas a ponto de no último momento, evidenciada a quase certa investidura de Bergoglio, articular-se de inopino e surpreendemente outro nome latino-americano como alternativa, tudo sob a batuta do Cardeal Bertoni que pretendia continuar com as rédeas da Cúria Romana. A Capela Sistina estremece diante de eclodir em suas paredes o eco repetido da votação sufragando o nome do Jesuíta de ação, BERGOGLIO, BERGOGLIO, BERGOGLIO... Estava investido no Trono de Pedro um jesuíta de ação, nome certo para revirar as coxias da igreja placentária na vida das mesmices. O gestor da resistência ainda teve esperanças de que renunciasse à escolha, como fizera na vez passada, quando Ratzinger se elegeu, pedindo diante de sua expressiva votação, que não mais votassem nele. Dessa vez foi diferente.

Dessa luta intestina da qual o Papa nunca falou, por óbvio, retiro de sua confidência e circunstâncias declaradas, na escolha do nome, as lutas políticas consideradas, quando optou pelo nome Francisco, e deixa destacado a Andreas English, o autor do best-seller “O Homem que não queria ser Papa”, a intensa luta do homem nas guerras, como existiu também a luta para afastá-lo, para evitar sua escolha:

“Na eleição estava sentado perto de mim o emérito arcebispo de São Paulo e antigo Prefeito da Congregação para o Clero, Dom Claudio Hummes, um grande amigo. Quando a coisa foi despontando foi ele quem me encorajou. E quando os votos alcançaram dois terços, ressoou o aplauso de praxe, indicando o Papa eleito. Ele me abraçou, me beijou e disse: “Não se esqueça dos pobres.” E aí essa palavra ficou em mim, os pobres, os pobres. Então, ao pensar nos pobres pensei imediatamente em Francisco de Assis. Pensei nas GUERRAS EM MARCHA durante a apuração. E Francisco é o homem da paz. Foi assim que o nome tomou meu coração.”

Fala das guerras em que está envolvida a humanidade, mas havia também uma guerra para evitar sua ascensão ao Papado. Em vão.

Realmente o Espírito Santo, com todas as mazelas da igreja, comandada pelos homens, sempre pecadores, elegia o nome certo para a hora necessária, o Cardeal Jesuíta Mario Mario Bergoglio.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 02/02/2014
Reeditado em 02/02/2014
Código do texto: T4675145
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