Encontro marcado
Num dia comum rotinas diárias se cruzam perpassando seres em movimento, vivendo mais um dia sem nada em especial pra ser vivido. Só continuar a existir.
Mas para mim era diferente.
Um encontro marcado me esperava.
Em meio ao barulho da cidade desembarco no caos, sem estar inserida nele, pois minha atenção está voltada para o ser que me espera do outro lado da rua.
Passos afoitos bem medidos, determinados, planejados, destinados me levam até ele... Ele que há muito, sem saber, talvez me esperasse.
Frente a frente coração dispara, palavras se ocultam, gestos se envergonham, sentimentos se reprimem.
Em fuga partimos apressados, ansiosos, sedentos da calma, da paz, do silêncio de um terno paraíso: areia, água doce, brisa suave, cheiro de mato, nosso refugio sonhado.
Chegamos, enfim, mas ainda esperávamos pelo melhor momento de nos doar um ao outro. Tirarmos nossas máscaras, sermos nós mesmos, sem cobranças, expectativas, pré-conceitos. Apenas exercitar a difícil arte de apresentar, compartilhar nosso eu verdadeiro. Nessa árdua tarefa um elemento ajuda a aflorar nossa química: o vinho nos embriaga e envolve em lágrimas, risos, beijos, carícias e desejos.
Consciente ou inconscientemente decidimos adentrar juntos na entrega um ao outro. Assim pela primeira vez nos encontramos, frente a tantas perguntas, sem resposta pronta, absoluta, finita. Mas com a certeza de que não podemos fugir dessa estranha magia que nos une, nos encaminha a um trilhar de mãos dadas rumo ao infinito contínuo de nós mesmos. E daquilo que não sabemos como nomear.
28/04/07