SOBRE VULCÕES E JACINTOS


           Há uma música francesa chamada “Ne me quitte pas”, de Jacques Brel, que fala sobre certos vulcões que, a despeito de parecerem extintos, por serem muito velhos, de repente revivem e voltam a expelir lava. 
            No ano passado, comprei um vaso com uma flor chamada Jacinto que, além de uma cor lilás maravilhosa, também exala um perfume inebriante, capaz de perfumar toda a casa durante várias semanas. É uma planta nascida de um bulbo que, após a morte da flor, mantém uma força vital capaz de germinar no ano seguinte, bastando que lhe forneçamos água de vez em quando. 
            E há pessoas com quem nos relacionamos em nossa juventude, depois são levadas pelo destino e, muitos anos depois reaparecem em nossa vida, fazendo-nos reviver antigos sentimentos, tão frescos e juvenis como se o tempo não tivesse passado. 
          Assim, podemos ver Fênix – a lendária ave mitológica que antes de morrer entrava em combustão e depois ressurgia das próprias cinzas – manifestando-se nos três reinos: mineral, vegetal e humano. São exemplos da força da vida, seja ela metafórica, no caso do vulcão, ou real como a planta e os sentimentos humanos. 
            Resta saber se, no caso dos sentimentos, por serem algo abstrato, se comportarão como os vulcões ou como os jacintos. Se expelirão lavas destruidoras ou se renascerão para embelezar e perfumar nossa vida.

Primavera Azul
Enviado por Primavera Azul em 01/02/2014
Reeditado em 25/01/2024
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