Quem compreenderá o poeta?
Que não seja o amor obsoleto demais que não possa ser partilhado, nem a cumplicidade de quem ama ignorado.
Coração que se derrama, se espalha em versos simples, que atingem a profundidade do silêncio, da reflexão, do amor puro e simples feito o vento que atravessa os campos.
Assim nasce a poesia visceral que vai de encontro à alma, rompendo os medos da incompreensão, do desamor.
E essa poesia desatenta , simples se faz criança , homem se faz amante. Assim pulsa o coração do Poeta.
Visões cotidianas, imagens simples, sentimentos ardentes, paixões desesperadas. Por esses caminhos segue o coração, muitas vezes sem nos pedir permissão ou licença.
Sem razões aparentes ou coerência, sanidade e loucura se fundem, se misturam e se confundem à alma atormentada.
Noites infinitas e solidão absoluta compõem os cenários, os versos regem os atos. O poeta apenas ama silenciosamente o inexplicável .
Não lhe cabe compreender muitas vezes as razões que lhe é imposta por amor. Não é capaz de decifrar os enigmas desse amor que lhe consome sem antes mergulhar no infinito interior de si mesmo.
Despido de coerências ou sentidos apenas entrega-se à essa paixão desesperada sem a compreender totalmente. Por vezes ela lhe assusta, arrouba-lhe as palavras desprendidas como se elas não lhe pertencessem, antes ele a elas.
O Poeta é antes de tudo um escravo de suas próprias palavras, que lhe traçam os caminhos e lhe define as rotas a seguir.
As vezes lhe recompensa com a paz serena e suave da compreensão; por outras o atormenta em infinitas inquietações.
Pulsa assim, cada segundo antes do ultimo o coração de quem ama e o poeta, esse sensor involuntário da paixão absoluta apenas a interpreta, sem a compreender na totalidade, sem questionar-lhe as razões e os por quês. Vive meia vida o poeta, quando a outra parte lhe é subtraída pelos sentimentos inexplicáveis de seus imensos silêncios.