De Beatlemaniaco Para Beatlemaniaco

Eric do Vale

Entre uma tacada e outra, o show de Paul McCartney tornou-se o assunto daquele momento, conforme as bolas iam sendo encaçapadas. Apesar de admirá-lo bastante, confessei que não tinha a menor vontade de ir vê-lo. Era de se estranhar tal afirmativa e constatei:

-É possível que, no futuro, venha me arrepender disso, considerando que ele foi o único dos Fab Four que conseguiu firmar-se como um artista solo de sucesso incondicional!

-O John Lennon também conquistou esse êxito.

-Exato, mas comparado ao Paul...

-O que é que tem o Paul?

- O Paul conseguiu o seu sucesso solo ao lado da Linda, junto dos Wings e, posteriormente, sozinho.

- Você acha que o John Lennon também não alcançou essa proeza, logo após “O Sonho acabar”? Fosse junto da Yoko ou quando estava separado dela até reatarem a relação.

-Eu sei, mas aonde quero chegar é que o Paul McCartney foi mais expansivo, mostrando que o talento dele não se resumia aos Beatles.

-E você acha que o John Lennon também não conseguiu isso?

Então, expomos os sucessos que cada um conseguiu em suas respectivas carreiras individuais. Paul McCartney: Hi hi hi, My Love e Leave And Let Die. John Lennon: Imagine, Mother, Drean, Mind Games E assim, mencionamos o sucesso de cada um, conforme fazíamos a nossa jogada que, naquela altura, não mais sabíamos quem estava ganhando.

Fomos nos sentar, pedimos uma cerveja com uma porção de batata frita e prosseguimos o nosso diálogo:

- Creio que o Paul McCartney, talvez, seja um dos poucos artistas completos, pois, ele canta, compõe e toca vários instrumentos. Além dele, acho que só o Phil Collins tenha essa virtude._Disse eu.

- O John Lennon também era um multi- instrumentista.

Concordei e, no final, terminamos enaltecendo o valor de cada um. Pedimos outra rodada e, entre um gole e outro, chegamos à conclusão de que esses dois artistas foram responsáveis pelas mais belas canções já executadas: She Loves You, I Wana Hold Your Hand, Let It Be, Help, Hello Goodbye, dentre tantas outras e fizemos um brinde:

-Mais uma Skol, garçom.

-E umas empadinhas de camarão. - Pedi eu.

Anotado o pedido, eu continuei:

-Não podemos também esquecer o talento do George Harrison

-O George?

-Sim, por quê? Vai dizer que ele não tinha talento?

-Comparado ao John e o Paul...

Admiti que, particularmente, sempre gostei do George Harrison, porque ele era muito na dele e todo certinho. E assim como John e Paul, ele compunha belas canções, seja integrando os Beatles seja na carreira solo, e acrescentei:

-Ele não fazia canções tal e qual Lennon e McCartney, mas quando compunha era pra valer ou vai dizer que não é verdade?Here Comes The Sun.

-Certo, mas, aqui no Brasil, todo mundo a conhece na versão do Lulu Santos: “Lá vem o sol eu já sei, tá legal!”. - Cantando.

-E Something?Essa foi gravada por ninguém menos do que Elvis Presley e Frank Sinatra. É mole ou quer mais?

-É verdade, mas só que o Frank Sinatra pensava que ela era de autoria de Lennon e McCartney.

- Talvez isso tenha sido um dos fatores que determinaram o fim do grupo, pois a quantidade de músicas compostas por John e Paul ofuscaram o talento musical de George Harrison.

Citei Give Me Love e My Sweet Lord, composições dele feitas quando não mais integrava os Beatles, até pedirmos a conta. Despedimo-nos e, de saída, constatei:

-Gostei de dialogar, foi bem proveitoso.

-Eu digo o mesmo. Que tal continuarmos essa conversa em outra ocasião?

-Por mim, tudo bem.

-Certo. Sugiro que, no próximo encontro, falemos do Ringo.

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