AVENIDA PAULISTA (A MENOR CRIATURA DESSE PLANETA)...

Av. Paulista (esquina com a Rua Augusta) às 7:20 hs do dia 31 de janeiro de 2014.

Eu, fumando um cigarro, nesse local, considerado o coração financeiro de São Paulo, e porque não dizer do Brasil, presencio uma cena que, me colocou entre as menores criaturas desse planeta.

Entre pessoas que ali passavam (a grande maioria indo ao trabalho), mulheres bonitas, sensualmente vestidas (fazendo jus ao verão de quase 40º graus), desfilando como se estivessem numa praia ou passarela, chamando a atenção de todos quando por ali passavam; homens, elegantemente vestidos em traje social (cozinhando sob um calor de quase 40º graus); lanchonete repleta de gente fazendo o desjejum (muitos ainda com cara de sono), um vai e vem de veículos, carros populares, ônibus, carros importados, enfim...

Enquanto eu esperava o horário do compromisso, fumava despreocupadamente e sem culpa meu cigarro, até que uma cena me colocou entre as menores criaturas desse planeta:

Uma moça, com cerca de 20 anos aproximadamente, descalça, uma menina com cerca de 13 ou 14 anos, dois garotinhos de aproximadamente 6 aninhos e um bebê com no máximo 1 aninho de idade. A moça descalça mantinha o bebê em seu colo, todos se assentaram na calçada, próximo de mim. Não tinha como eu não olhá-los.

Enquanto isso, outra moça de aproximadamente 30 anos, passeava “empurrando” um carrinho de bebê, com um lindo bebê dentro dele. Ela também ficou olhando para aquela “família” ali sentada na calçada. Por incrível que pareça o seu bebê se virava todo no carrinho para ver o outro bebê que estava no colo daquela moça descalça sentada na calçada. De repente, essa moça que tinha seus pés descalçados começa a “banhar” as perninhas do seu bebê com um restinho de água de um copo descartável... A moça que tinha seu bebê no carrinho, olhando aquilo, olhou pra mim (também com olhos da menor criatura desse planeta) e acenou negativa e tristemente com a cabeça, mostrando sua indignidade com a distância entre a sua realidade e a realidade daquela família sentada na calçada em plena Av. Paulista, centro financeiro desse país (igual pra todos)... Passado alguns segundos, ela tira um pacote de biscoitos ou suspiros e entrega-o àquela família que “gozava” da calçada do maior centro financeiro do Brasil. As crianças (os dois garotos e o bebê e a adolescente) alegremente a agradeceram.

Eu, bem, eu continuava em pé, fumando meu cigarro, no maior conglomerado de empresas financeiras, me sentindo a menor criatura desse planeta, pois, diante dessas duas realidades pude perceber (que para algumas pessoas) que o ser humano sem dinheiro no bolso não é NADA, porém o AMOR, o cuidado, que algumas mães mantém com seus bebês, são iguais independente da sua condição social.

Se sentindo a menor criatura desse planeta e sem nada fazer, vejo aquela família se perder entre a multidão que compõe o maior e mais pobre centro financeiro desse nosso país de “igualdades”.

"UM PAÍS RICO É PAÍS SEM MISÉRIA"

"BRASIL UM PAÍS DE TODOS"

"BRASIL, PAÍS RICO É PAÍS SEM POBREZA"