22 DE ABRIL DE 2000 (PARABÉNS, BRASIL!)

E era aniversário de quinhentos (500) anos do Brasil,

Que presente dar a essa nação?

Como presentear esse povo varonil?

Para início de comemoração

Ganhamos um relógio em cada estado, com designer alemão

E no carnaval a perfeição, todo mundo feliz

Todas as Escolas de Samba por obrigação

Deveriam contar e cantar as histórias do país

Porém, a única que ousou falar sobre a Ditadura Militar, foi a que desceu

Talvez os jurados tivessem pensado que as torturas alguém esqueceu

Que desmesura, como nos negros, as cicatrizes estão na alma.

Cada tapa, cada grito, cada chibatada, cada choque, cada queimadura

Cada rajada, cada estupro, cada sumiço. Não há cura, como esquecer?

Alguns tiranos ainda possuem identidades secretas,

Ainda há muita gente desaparecida,

E quem garante que não há outras para desaparecer?

Afinal de contas se mexeres na "merda", logo vai feder.

Poderosos, preconceituosos, hipócritas, avarentos...

Novos ditadores, novos carrascos, os mesmos velhos sentimentos.

E no meio do povo, nem a "Globeleza"

Na tela da T.V. cadê você

Além de a cada quadriênio, pedindo ao povo para o eleger?

Deve estar ocupado com sua vida cheia de auxílios e regalias, numa boa

Sua filha só falta andar de coroa, e seu filhão num carrão importado

Todo equipado, automático, banco de couro sintético...

"Malandrão" com cordão de ouro e porte atlético.

Mas, coitadinho , adora um "basiado" e um "remedinho"

Está doente é dependente químico, cínico!

O filho do pobre é viciado, "cracudo", safado...

Não é isso que costumam dizer?

Mas na hora da doença, da escola, da fome, da esmola...

Mais uma vez cadê você?

Com sua carteira quente, seu inglês fluente... Pra quem entender?

Sinto engulhos ao ouvir sua voz nas rádios,

Em ver sua cara nos jornais e ambas na televisão.

Quer saber, vou dar uma volta com meus filhos

Que esse ano concluíram o ensino médio sem uma reprovação

Vou dar pra ela um "IPOD" e pra ele uma camisa do "Mengão"

Parabéns! Querida nação!