A NATUREZA E A HUMANIDADE
Num destes domingos de Janeiro, depois de uma calorzão infernal, veio uma tempestade, num sei de que lado, mas deixou seu rastro. Galhos quebrados, árvore tombadas, queda de energia e tudo o mais que a Natureza pode nos dar como brinde de uma chuva de verão. Sem energia, meu portão eletrônico ficou aberto. Eu tinha saído para fotografar a borrasca, uma vez que faço um mapa meteorológico com textos e fotos. Fiquei curtindo a beleza desse fenômeno com todos os seus efeitos colaterais.
Dai algo para alegrar meus olhos. O vento tinha se incumbido de derrubar todas as mangas que já se encontravam maduras. Era momento de circular e participar da perpetuação da espécie. Dai pára um carro, afastado do meio fio onde descia uma caudalosa enxurrada. Dele sai uma bonita mulher, provavelmente Mãe de alguns filhos. Como sabemos Manga e crianças tem muita afinidade. E aquela provável Mãe passa a catar os maduros frutos, lavando-os na água que corria e colocando-os em seguida numa sacolinha de plástico. A beleza deste espetáculo me comoveu. Quanta coisa bonita pude ver nas entrelinhas daquela imagem!!!
Continuei minha curtição. Mas a Natureza que é povoada por seres criados á imagem e semelhança do seu Criador, sempre nos guarda surpresas... Tempos atrás, aqui narrei o assassinato de duas mangueiras semelhantes a estas deste relato. Pois bem do toco que ficou, a Natureza tentava ressuscitar aquele ser vivo. Brotos começavam surgir... E ai vem a surpresa. Um jovem, provavelmente filho do mandante do crime, sai observa e sente o frescor da tarde chuvosa. Observa os brotos que estavam numa tentativa de buscar sobrevivência. Entra em sua casa e volta munido de uma tesoura de poda e dilacera os pequenos rebentos da árvore. Ali, com muita preocupação, vi os resultados de uma Educação Paterna equivocada.
Ai lembrei-me de tantos acontecimentos que a Natureza perpetra contra as criaturas que a ela pertencem, mas insistem em desrespeitá-la. Enchentes, deslizamentos, incêndios, tudo vem por ordem da Natureza ofendida.
Alguém disse um dia: “... O Homem erra, Deus perdoa e a Natureza se vinga...”. Parece que Ela se inspira nas fábulas de La Fontaine: “... se não foi você, foi algum parente seu que sujou a água que bebo...”. Dessa forma indistintamente, ela se vinga de toda a Humanidade.