MEMÓRIAS QUE O TEMPO NÃO APAGOU...
MEMÓRIAS QUE O TEMPO NÃO APAGOU...
"O gosto da infância nós não perdemos nunca...
(...) Há momentos na Vida que não se pode dizer
NÃO, senão você perde tudo (o que conquistou)!
BETHY LAGARDÈRE - entrevistada no programa
MAIS VOCÊ, TV Globo,em 03/dez. 2013
"Mas quando surge um fato novo em nossa vida,
nós voltamos ao Passado e passamos a desenterrá-lo
-- ou puxar uma linha -- e o Passado vai se revelando,
mesmo que meio opaco, sem muita nitidez".
AUGUSTO SPISLA (ex-aluno do SMSVP, trecho de email)
"...páginas que apenas o Tempo, Senhor e algoz
da Vida e das coisas, tocará com seus dedos
apodrecidos".
"NATO" AZEVEDO -- trecho do prefácio de seu
futuro livro de contos "QUASE NADA..."
Um dos nomes mais badalados do final dos Anos 60 e início dos 70 foi o do filósofo hindu LOBSANG RAMPA. Junto com o ídolo religioso dos Beatles e de outros famosos do cenário poprock da época -- o "Mahavishnu" ou Prabhapudha, já nem lembro mais -- e com o visionário de raro talento ilusionista Erick von Danniken, Lobsang vendeu milhões de livros com argumentos e filosofia oriental que nosso Paulo Coelho só fez imitar. Adiante se descobriria que o mago hindu era, na realidade, um ex-cabo inglês, que tendo servido no Exército de Sua Majestade, "bebeu" dos ensinamentos de gurus locais e os registrou com algum "enfeite" em 2 ou 3 obras "filosóficas".
É de Lobsang Rampa a "teoria" de que nosso cérebro é uma imensa "parede" com milhares de gavetas... onde armazenamos nossas memórias. Quando necessário, o cérebro aciona a "gaveta 1952" e tira del á a informação procurada ou desejada.
Huuummm... as "gavetas" nas quais guardei as lembranças de meus professores no Seminário estão "emperradas", não abrem de jeito nenhum. Curiosamente, lembro bem das aulas da severa Irmã Helena e da sorridente Irmã Clara, anos antes, na Escolas Reunidas (?!) S. João Batista, em Alto Paraguaçu, distrito de Itaiópolis, Santa Catarina. Já dos meus mestres no Seminário não restou uma imagem sequer. Não constava música entre as matérias do nosso Boletim, portanto foi o Pe. Jorge Morkis que me ensinou tudo o que sei nessa área, até porque nada mais aprendi após sair do Seminário. Está viva na gaveta, digo, na memória a lembrança de meu teste para o Coral do SMSVP, atividade que ninguém era obrigado a fazer, daí os 20 e poucos abnegados, ensaiando só de tarde, num contingente de 132 alunos, isso em 1965.
Nosso Seminário estava "isolado" do Mundo exterior, não havia aparelhos de Rádio, não chegavam Jornais e o único aparelho de TV do qual ouvi falar em toda a cidade de Rio Negro estava justamente na casa de minha tia Anita, onde meu irmão e eu passávamos as férias escolares. Criança só podia ver TV até as 19 horas, às 8 da noite tinha que estar na cama... e nós já tínhamos 12, 13 anos. Para poder assistir novelas magníficas como "A Ponte dos Suspiros" ou "O Sheyk de Agadir" -- com Yoná Magalhães e o inesquecível ator Henrique Martins -- tiramos um ou outro prego das ripas da parede do quarto e "espiávamos" mal e porcamente. Eram transmitidas de tarde ou à noitinha séries estupendas como a "Viagem ao fundo do mar", "Perdidos no Espaço", "Bonanza", "O Homem de Virgínia", "Matt Dillon" ( o xerife durão que tinha como ajudante o "caipira" Chester) e novelas mais suaves, como a "Irmãos Corsos", com o figurão Hélio Souto fazendo 2 papéis, de irmãos gêmeos, um desafio técnico de respeito naquela época. Da série "Danger Man" -- com o espião genial Patrick McGohan) quase ninguém ouviu falar, mas boa parte dos filmes de James Bond se basearam nela... já o cowboy expulso do Exército, na série BRANDED/O Marcado, com Chuck Connors impecável à procura de Justiça, absolutamente ninguém ,além de mim, viu ou ouviu.
Nas palavras sentidas e sinceras de um ex-aluno do Seminário Menor -- que tomo a liberdade de reprisar em meus rabiscos -- "Há uma força maior que nos move. Disso não há dúvidas. Não sabemos como, nem quando, mas por uma razão maior coisas que nem imaginamos acabam acontecendo. Você pode não acreditar, mas comigo aconteceu algo parecido ao acontecido com você. De minha infância pouca coisa restou, só vagas lembranças, só pequenas reminiscências. Talvez por ter sido uma infância na qual não vivíamos as nossas vidas. Éramos conduzidos a viver daquela maneira, sem qualquer liberdade e a lógica faz com que esqueçamos o que não nos traz alegrias. Às vezes chego a imaginar que éramos uns autômatos e não humanos. (...) Mas, esquecer não é algo que dependa da nossa vontade. Para esquecer de fato, é só levar uma boa pancada na cabeça. E isso não aconteceu. Portanto, continuo lembrando algumas coisas daquele tempo, que, pensando bem, não foi de todo ruim. Não é possível avaliar se teria sido melhor fora de lá. Mas não dá para saber. Deixemos a cargo do Providência Divida qualquer julgamento. Afinal, há males que vêm para o bem e, ainda, Deus escreve direito por linhas tortas." (AUGUSTO SPISLA - email de 2010)
Há realmente um força maior que move nossas vidas, me sinto uma folha seca ao vento, um barquinho de papel na "maré" formada pelas chuvas nas ruas de nossas cidades... mas, sinto que tudo o que aprendi no Seminário foi determinante para formar o cidadão que sou, que tento ser mesmo quando as dificuldades nos "impelem" para o caminho mais fácil. Por isso, sou grato pelo tempo que fui forçado pela força do Destino a viver lá. a conviver com amigos que resistem ao Tempo no carinho e admiração que sentem por mim... e eu por êles! Um dia estaremos todos reunidos... onde, sinceramente não sei!
"NATO" AZEVEDO