MINHA INOFENSIVA MANIA
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Hoje me peguei revendo a minha modesta coleção de correspondências... Tinha a inofensiva mania de guardar toda correspondência manuscrita. Tanto as que enviava, quanto as que recebia. No arquivo as separava pela importância: para um lado as corriqueiras, para outro, as que amava. Amo-as ainda, porque provém de pessoas que me interessam ao espírito ou ao coração; e não me canso de relê-las. Pois é, as cartas acabaram... Agora recebo e-mails, que leio como se estivesse lendo um folhetim com caracteres elegantes, revisado e esplendidamente ilustrado; apesar da formalidade virtual, não perdi a inofensiva mania; guardo todos eles e, às vezes, nas horas de lazer, também mato saudades.
É, pois, do meu modesto arquivo de cartas, que extraio, com certa emoção, um bilhete que enviei a minha esposa, quando ainda, na biblioteca da faculdade, paquerávamos; nele, estes versos do mestre Olavo Bilac:
Ficas a um canto da sala...
Olhas-me, e finges que lê.
Ainda uma vez te ouço a fala,
Olho-te ainda uma vez.
Saio... Silêncio por tudo:
Nem uma folha se agita;
E o firmamento, amplo e mudo,
Cheio de estrelas palpita.
E eu vou sozinho, pensando
Em teu amor a sonhar,
No ouvido e no olhar levando
Tua voz e teu olhar. ®Sérgio.
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Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!