A perda de um grande amor

A perda de um grande amor

A vida nos traz surpresas. Boas ou más, nem sempre estamos preparados para recebê-las. Ficamos tão chocados com o que é novo, que só paramos para refletir depois de algum tempo.

Surpresas boas se dissolvem lentamente, deixam um sutil perfume em nossas vidas, e servem para aplacar a dor das surpresas tristes. Entre as surpresas tristes que tive na vida, uma foi a mais dolorida que jamais consegui esquecer. A perda de um grande amor, a notícia do acidente foi repentina, mas cortou meu coração de tal forma que fiquei paralisada no lugar quando atendi ao telefone e soube que dificilmente ele voltaria do hospital.

Faz muito tempo. As lembranças persistem, a dor não acaba, mas fica suportável. O tempo traz esses benefícios, o que doeu ontem, o ano passado, há vinte anos, acaba sendo absorvido pelas alegrias que temos durante nossa jornada.

Penso diariamente nos que perdem seus amores, como irão continuar? Penso nas famílias, amigos, conhecidos e parentes das vítimas daquela boate no Rio Grande do Sul. E em todas as outras pessoas que se vão repentinamente, vítimas de acidentes, tragédias e outros acontecimentos.

De uma hora para outra, é como se um botão fosse apertado, e nada mais resta, só lembranças.

Por isso, eu penso que amar, é correr riscos, e se jogar no desconhecido, sem temer o que pode acontecer. Melhor chorar por ter vivido, do que arrepender-se e ficar lamentando o que não vivi, por medo, inércia ou simplesmente relaxamento.

Às vezes, diante de nossos compromissos diários, a rotina estafante, a verdadeira guerra que travamos para sobreviver, esquecemos-nos de colocar uma dose de poesia e ternura para adoçar os impactos do dia-a-dia. Olhar o outro dentro dos olhos, dar um abraço caloroso, um telefonema repentino, chamar para um bate-papo, faz parte de ser social. A tecnologia atual nos aproxima de pessoas do outro lado do mundo, mas também nos afasta dos velhos hábitos de visitar e mesmo sair com amigos e familiares.

Certo equilíbrio é necessário. Amigos, familiares, pessoas mais chegadas precisam de nossa presença física, ouvir nossa voz, tocar nosso rosto com um simples beijo, um abraço apertado, resolve tantas carências.

Meu Deus, como as pessoas estão se fechando em si mesmas. Até que uma grande perda as faça olhar para os lados e viver a vida como ela é, cheia de boas e más surpresas. Então vive, hoje, aqui e agora, e faça tudo o que puder para ser feliz. Não troque felicidade por momentos cômodos por medo de se arriscar ou sofrer. Viva plenamente cada segundo, só assim terá a certeza de que tudo que foi vivido retornará em essência luminosa nas próximas curvas do caminho.

Não tenha vergonha, diga bem alto: Eu te amo. Não se envergonhe. Esqueça por um momento todas as tolices da seriedade, do eu não posso, e abra o coração para a felicidade. Só assim permitindo-se ser feliz, a perda será apenas uma consequência do inevitável fim, passageiro, pois a vida sempre continua plena e misteriosa.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 27/01/2014
Reeditado em 24/02/2015
Código do texto: T4667456
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