UM TRABALHADOR CHAMADO ANTÔNIO.

Antônio sempre fora daqueles homens dignos. Rígido com a boa educação dos filhos. Amável com todos e excelente marido. Mas acima de tudo Antônio trabalhava e muito!

Conheci de perto, sem intimidades Antônio e sua família.

Sempre o vi levando as crianças para a escola pela manhã. E fazendo uma caminhada com a esposa de tardinha quando o sol se ia. Acompanhei da minha loja as idas e vindas de Antônio.

Trabalhador de mão cheia, nunca negava serviço. Era um típico faz tudo. Sem grau de escolaridade, porém muitíssimo inteligente!

Sempre sorridente era comum o ouvir dizer que tinha saúde de touro. Que gripe alguma seria capaz de derrubá-lo. E era mesmo! Parrudo, alto. Antônio aos seus sessenta e tantos anos tinha vigor de dezoito anos.

Pela primeira vez em sua vida Antônio conseguira emprego de carteira assinada. Sei disso porque fui eu mesma quem tirou xerox dos documentos para ele levar para a empresa. E ele me disse que estava muito feliz em seu novo emprego. O salário não era muito, mas só de ter a carteira assinada... E assim foi Antônio feliz para seu novo emprego.

Certo tempo depois, um mês e pouco, mais ou menos. Senti a falta de Antônio ao ver seus filhos fazendo o trajeto para a escola sozinhos, estavam cabisbaixos. E a esposa de Antônio não caminhava mais de tardinha.

Ele deveria estar trabalhando demais, pensei.

Na semana seguinte, para minha tristeza e de todos que o conheciam, uma vizinha anunciou...

Antônio morreu.

Morreu? Mentira! Ele aparentava ser tão saudável! Não tinha vícios! Deve ser outro Antônio! Só pode ser!

Mas não era outro Antônio.

Era mesmo o Antônio que passava todos os dias pela porta da minha loja levando os filhos para a escola. Era mesmo aquele Antônio que caminhava ao entardecer com a esposa.

Minha tristeza maior foi a de saber pela viúva que Antônio morrera por conta de um envenenamento que sofrera na empresa que trabalhava e que a tal empresa era clandestina.

E com lágrimas nos olhos ela me disse:

- Meu Antônio morreu de tanto trabalhar.

Alessandra Benete
Enviado por Alessandra Benete em 27/01/2014
Código do texto: T4666827
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