UM SALTO NO ESCURO.

Quem pode usar da inteligência crítica com largueza para afirmar o que é vedado ao conhecimento? Há a possibilidade, somente, e não fecha com o realismo lógico. São assim as crenças, todas, e se justificam em dimensionado psiquismo humano necessário à vida. Isto não desnatura a importância e o fundamento religioso.

O variado ritual transformador das crenças mostra a necessidade de uma meta de transcendência. Não somos só um corpo visível que se fragmenta e se dissolve, restando pouca matéria quando não mais inala oxigênio. A parte imemorial que pensa, elege caminhos, traça a ordem ou a desordem em viver, alimenta e fornece subsídios para a determinação de que algo não morre, fica e não se transforma.

O grande problema vedado à inteligência é “onde fica” esse algo que não morre? Muito se escreveu sobre isso e muito se escreverá enquanto a humanidade caminhar.

Só a fé com critérios sob lentes de razoabilidade tira a crença de protagonizar “um salto no escuro”. Na história do homem multiplicados ritos e liturgias indicaram caminhos, fizeram projeções e situaram o “onde fica” esse depois e como será o ritual. Complicado aceitar formalismos como exércitos espirituais que vão e voltam de acordo com suas vidas antecedentes que nas consequentes expiariam faltas, pagariam malfeitos. Isso sem consciência de estar pagando. Mais complicado ainda logo que a consciência faz o arrependimento tratando-se de uma punição concreta.

Limbos, céus, purgatórios e infernos passeiam em vários credos com variadas formas. Vã inteligência a que indaga o desconhecido por temor ou assemelhados. Alguns dizem que melhor nada indagar. Seria acatar a inércia de valores postos pela história, ainda que acanhada a inteligência sempre limitada, e com ela fico para observar a Lei Moral ensinada por Cristo. Já me basta caminhar nesse caminho que Ele definiu, como “ A Verdade, A Vida”. Fujo assim desse “salto no escuro” que pode cair no abismo da dissipação do espírito que pensa.