AMOR E IDOLATRIA
Por Carlos Sena
Por Carlos Sena
No ultimo show de Claudia Leite no Recife, ocasião em que a mesma gravou um ótimo DVD, a galera, “endiabrada” vociferava “Cláudia, eu te amo. Cláudia, eu te amo”, repetidas vezes. Isso mostra quão o amor de muitas pessoas é fútil. Pelo menos em seu sentido absoluto, mesmo porque amor no sentido relativo, não creio que exista. Como podemos entender, a idolatria vai, aos poucos, tomando lugar do amor na vida de muitos. Certamente que muitos que ali estiveram sabem o que seja o amor de verdade – aquele amor que não nasce como a noite nasce para o dia; aquele que não nasce com um piscar de olhos e pronto. Há, certamente, amores que surgiram de um piscar de olhos, mas, seguido de trocas, afetos, desejos, projetos e sonhos compartilhados num tempo e espaço consideráveis para que o amor se estabeleça. Vendo o vídeo a gente fica feliz com o glamour, mas triste com a vociferação da plateia dizendo que ama Cláudia. Certamente que ela é uma artista e está no seu papel, inclusive o papel equivocado de despertar amor ao invés de consolidar a idolatria. Porque a idolatria, no geral, morre com o seu ídolo, o amor não. Amor de verdade é atemporal. Suporta muito ou quase tudo, por que não tudo? Porque o amor que move a vida e que dá contornos de felicidade a uma população é aquele que não se processa na pessoa de ídolos, principalmente os de pano, que, ainda bem não é o caso de Cláudia Leite. Tudo bem que às vezes ela coalha, mas a gente perdoa.