A ARBITRARIEDADE DOS MELIANTES

Ha vocábulos belíssimos na Língua Portuguesa. Meliante é um deles... me-li-an-te. O que tem de lindo no significante sobra em disparidade no significado. "Meliante" não se parece com meliante. como substantivo, poderia referir-se ao urso que se apodera do mel das abelhas: "Foi avistado um meliante pardo lambuzado de mel no Parque Jellystone". Entretanto bem que podia virar adjetivo e qualificar a fragrância de uma flor:" Saussure me enviou flores meliantes, meliantíssimas"... Ou talvez uma vaca que dá bastante leite: "A vaca malhada eu não vendo, ela é muito meliante". E por aí vai.

Assim, quando tenho a oportunidade de usar a palavra, não economizo. Por exemplo: Ontem à tarde por volta das 13h00m dei-me conta que quatro meliantes, sorrateiramente, haviam invadido o pobre do meu PC. Imediatamente indaguei ao meu leão-de-chácara como é que ele não se dera conta da ação dos meliantes. O Avast argumentou que é "free" e que não pode evitar que eventualmente alguns meliantes disfarçados de programas amigáveis ataquem o sistema. Assim, orientou-me como tentar destruir os tais meliantes, começando por um rastreamento, que durou até as 16h00m. Foi esse processo que detectou os quatro malditos meliantes. Em seguida, o meu guardião recomendou um "rápido escaneamento" que se prologou até por volta das 20h00m. O procedimento, a princípio tedioso, ativou meus mais intrínsecos instintos sádicos. A cada meliante encontrado, era um sorriso prazeroso e um punhal pronto para desferir o golpe definitivo.

E foi assim que no dia 24 de janeiro de 2014, passei praticamente o dia inteiro nessa labuta e dei cabo à vida de uns quantos meliantes altamente periculosos que, ao invés de meliantes, poderiam chamar-se catracas, Klingons, taciturnos, tatooines, gorgoroths, xenomorfos, doravantes, diademas, mormentes, furúnculos...

Menos "meliantes".