Árvores da Vida

Doce feito melado, de polpa carnuda, avermelhada. Do alto, a visão é encantadora, feito paisagem fantástica de Macondo do livro de Gabriel García Márquez. Corre-corre no galinheiro..., jogo as sementes da fruta para apreciar o frenesi das penosas. De beleza impar, a árvore, oferece o seu tronco manchado com largas pintas amarronzadas, e, os seus galhos grossos, para as crianças, aprendizes de alpinistas, escalar! Quem na infância não comeu sem querer um bicho da goiaba, então, atire a primeira pedra!

Sombra, muita sombra invade todo o ambiente, na amoreira uma plataforma de madeira simula a casa do Tarzan, para as meninas, casa da boneca Suzy, tudo bem feito pelas mãos de um adulto, contudo, tombos homéricos, vez ou outra acontecem, é claro! Um braço quebrado, uma luxação no pé, um arroxeado nas partes glúteas..., correria para o ortopedista, dias de repouso..., logo, logo, tudo vai ficar como dantes no quartel de abrantes! Subir numa árvore fato heróico para uma criança na exploração de um jardim ou quintal.

No pé de manga espada, um mundo de pequenos seres, vive e convive junto dela... Ficar com uma lupa de aumento olhando o lufa-lufa das formigas, o saltitar do gafanhoto, o andar desgovernado do bicho de fogo..., pegar uma cigarra sentindo as batidas das suas asas nas mãos. Momentos de alegria guardados para sempre na parede da memória! Deitar na sua sombra com os olhos vidrados nos céus imaginando o dedo de Deus brincar com as nuvens, modelando bichos, ora, um elefante surge, numa fração de segundos, alonga, alarga, diminui... , para virar um urso! De repente, o pé de manga espada está lá nas nuvens. Incrível!

Árvores da vida, árvores na vida. O pé de limão rosa morreu, após, a descarga de um raio. Ficou lá, parado, primeiro em chamas, depois num braseiro, no final um tronco enegrecido, carcomido pela força da natureza. Meu tio, o dono da chácara dos nossos sonhos... morreu! Amoreira, goiabeira, pé de manga espada, e outras árvores, deram lugar a um edifício alto, que de tão alto quer brincar com as nuvens..., não consegue é claro!

Árvores da vida, árvores na vida. Neste resgate busco a importância de cada uma na vida dos cidadãos nos bairros das nossas cidades. Busco na beleza das suas flores, na polpa melosa dos seus frutos, na friagem das suas sombras generosas, no abraço dos seus troncos amigáveis, nas suas raízes alicerces do verde, afagar os corações dos leitores para buscar na memória de cada um, a árvore da sua vida, e nessa busca levar adiante a ação de plantar e cuidar de uma, duas ou mais espécies das árvores, amigas fiéis da sua meninice. “Plante uma árvore e faça um adulto voltar a ser criança!”