SÃO PAULO, 460 ANOS!

 
 
 
- Hoje é o aniversário de São Paulo, Leninha, sabia? 460 aninhos...
- É claro que eu sei, uai... Tá pensando que sou lesa?
- Não é isso; é que você é tão desligada, pensei que tivesse esquecido.
- É, Dora, mas na verdade, num tem nada que comemorar não.  Cê tem acompanhado pela TV essa chuvarada todo fim de tarde. Um calorão que a gente num agüenta, à noite e o dia inteirinho mas, à tarde, cai aquele tempestade. Quem pode com isso?
-É verdade, Leninha. Eu peguei uma virose, fiquei gripada, com bronquite e precisei entrar no antibiótico, se não quisesse contrair uma pneumonia. É esse tempo maluco.
- Mas vê só, amiga. O povo só culpa o governo por não fazer piscinões, não limpar bueiros e tudo o mais, mas não é bem assim não. Eu já morei na periferia, perto de córrego e vi quase todos os moradores jogarem, lixo e até colchões, sofás, fogões velhos no córrego ou mesmo em um terreno qualquer. O que eles queriam? Que, quando chovesse assim como tá chovendo esses dias, não entupisse tudo, provocando essas enchentes e alagamentos, como a gente tá assistindo? Assim não dá...
- Mas, Leninha, eu fico com pena de ver aquela gente humilde perdendo tudo e, às vezes, até a vida. Fico pensando com que dificuldade eles compram seus móveis, eletrodomésticos e, no fim, antes mesmo de quitarem os carnês da Casas Bahia, (que é onde o povo mais compra), vai tudo pro ralo. Morro de dó!
- Eu acho que cada um tem que fazer a sua parte. O Governo de um lado, fazendo a sua obrigação (que também não faz) e o povo se educando, se conscientizando que não pode ficar sujando as ruas pois as conseqüências, certamente, virão. É só tragédia que se vê! O caos se instala e aí as pessoas choram, se lamentam, mas de nada adianta. Vão chorar na cama, que é lugar quente, minha filha! Ops! Nem cama mais eles têm pra chorar, coitados...
- Nossa, Leninha, eu acho que você tá muito dura, vendo as coisas por um lado demasiadamente prático. Essa gente sofre muito nessa época de chuva.
- Mas você gosta de ver a sua cidade mergulhada no caos? Eu não gosto... Uma cidade tão linda, a maior da América Latina, que recebe de braços abertos todos os povos, todas as raças - assim como me recebeu quando vim lá do interior de Minas. Eu não troco esta cidade por nenhuma no mundo. Nunquinha!
- Leninha, você sabia que “a economia de São Paulo forma o maior Produto Interno Bruto (PIB) municipal do Brasil, fazendo da capital paulista a 10ª mais rica do mundo e, segundo previsões, será em 2025, a 6ª cidade mais rica do planeta? Segundo dados do Fecomercio/SP, em 2011 seu PIB foi de R$ 450 bilhões. Em 2005, aproximadamente 12,26% do PIB brasileiro e 36% de toda produção de bens e serviços do estado de São Paulo foi gerado na metrópole”.
- Sei não, Dora. Não entendo nadica de nada de economia; o que sei é das praças e parques arborizados onde a gente pode caminhar tranquilamente. Muita gente de fora não sabe que existe isso por aqui. Pensam que é apenas a “selva de pedra”, com altos edifícios e o povo correndo de um lado pra outro, sem tempo pra mais nada. Não sabem da beleza do Parque Ibirapuera, por exemplo; do Parque Augusta, onde se tem as maiores espécimes de aves do país, voando livres por lá; da Praça Dom José Gaspar, que abriga a Biblioteca Municipal, em sua grandiosidade, uma praça linda, aconchegante, onde há consertos de música clássica popular e de piano ao ar livre, aos sábados. Eu estou sempre por lá, admirando aquela maravilha. É pertinho de casa.
- Ah, Leninha, tem tanta coisa bonita e especial nessa cidade que se a gente fosse contar, não caberia em mil folhas. Então, vamos continuar nossa caminhada e gritarmos juntas: (vai, no três - 1,2,3)
 

FELIZ ANIVERSÁRIO, SÃO PAULO!
 
 
(Milla Pereira)




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