De uma sexta à noite
Embora de corpo e sorriso presente na noite, sua mente vez ou outra se desprendia daquela realidade. A aparente alegria era um grito, uma tentativa de fuga. Ninguém era capaz de ouvir os ruídos dentro do seu peito.
Ouvia todo aquele barulho e aquela atmosfera como um surdo procurando uma nota que não era tocada. Risos, conversas, pessoas atraentes. Rostos desconhecidos, vozes familiares. Entre cada gargalhar e momento efêmero de felicidade, um silêncio solitário; lembranças.
Observando todos aqueles rostos e vendo-se no reflexo de um espelho do bar, de copo na mão, o jovem Hamlet suspirou e não teve dúvidas:
— Há mais infelicidades por trás desses sorrisos do que possa imaginar nossa vã filosofia.