SOB QUATRO BANDEIRAS – Parte 2

Continuação de SOB QUATRO BANDEIRAS - parte 1

Nesse quarto dia da viagem saímos com destino à Montevidéu e no caminho vimos o Banhado do Taim, sua fauna e flora. Santa Vitória do Palmar. No posto de controle de fronteira nossos passaportes ganharam o visto de entrada.

Cruzamos a cidade e o arroio Chuí e, a partir desse momento, somente ouviríamos o idioma espanhol, pois, estávamos na Republica Oriental Del Uruguay.

A capital, Montevidéu é uma cidade encantadora, limpa, espaçosa e apesar da nossa limitação de comunicação por conta da língua, principalmente no plátano (praia do Rio da Prata) em contato com os nativos.

Visitamos A Praça da Independência, o Portal da Cidade, o Mausoléu Artigas, o Palácio Legislativo (onde paramos para fazer a foto com todo o grupo), o Parque dos Aliados e os monumentos à Diligência e à Carreta que são magníficas esculturas em bronze.

Eu imagino que, pelo seu realismo impressionante, nas caladas das noites invernais, quando a bruma branca e o vento glacial percorrem as ruas, sem observadores, essas estátuas ganham vida, os humanos se movimentam, acendem os lampiões, falam entre si e o gado pasta no gramado amplo e bem cuidado do entorno.

Vimos a Catedral Metropolitana, passamos pela Av. 18 de julho e fomos jogar no cassino do hotel. Joguei US$ 4,00; ganhei US$ 10,00; saldo a meu favor US$ 6,00.

Maravilha!!!

O dia nubladão desde o amanhecer limitou a nossa visão do oceano a partir de Punta Del Leste, mas não impediu que visitássemos Punta Carretas (onde os antigos carreteiros davam por findas as suas jornadas).

Em Piriápolis visitamos o morro de Santo Antonio, com direito a foto junto ao nicho, vimos o estuário do Rio da Prata e a casa construída por um artista plástico que é um desafio aos postulados da arquitetura convencional.

Dia seguinte fomos para a Argentina, cruzando os Rios Uruguay e Paraguay, formadores do Mar Del Plata.

Buenos Aires é uma cidade espaçosa, agradável e bela. Avenidas largas e construções suntuosas denunciam a pujança de outrora que, feliz ou infelizmente, já não mais existe.

Estivemos na Praça de Maio, onde são feitos os panelaços e onde se encontram acampados familiares e veteranos da guerra das Malvinas, abandonados pelos governantes. Vimos o obelisco plantado na avenida mais larga do mundo, a Casa Rosada, sede do governo central, o porto Madero, em La Boca passamos pelo Caminito (aquela rua que inspirou um dos tangos mais executados de todos os tempos) e a Rua Florida que tem o comércio vibrante apesar dos percalços da economia.

As livrarias são como pedaços do paraíso para quem cultiva o salutar hábito da leitura. Livros, os mais diversos, em ilhas no meio das lojas, com ofertas do tipo, leve 3 pague 2, irrecusáveis.

Compramos mais de dez livros cujas impressões são tão boas quanto às do Brasil e seus preços por menos da metade dos praticados por nossas livrarias, mesmo sem considerar a desvalorização do peso (R$ 1,00 = PA$ 2,50), os preços cobrados são excelentes.

Durante o dia fizemos o circuito turístico nos ônibus especiais que passam pelos pontos de maior apelo, inclusive o estádio La Bombonera.

Estivemos na Catedral Metropolitana dedicada à Virgem de Lojan (padroeira da Argentina) onde Don Jorge Mario, cardeal, Bergoglio S.J. (hoje Pancho Papa) trabalhava e baixava o pau nas políticas públicas e pegava brigas homéricas com os anteriores e o atual governo.

Em contato direto com os portenhos me certifiquei da estupidez do preconceito que taxa o argentino como uma pessoa chata, arrogante, mal educada.

Nada disso é verdade, pois, pelo menos comigo, aconteceu exatamente o inverso. É um povo amável, disponível, acolhedor, capaz de parar o que está a fazer para dar as informações requeridas no meu “portunhol” inclassificável.

Eu não sou psicólogo, mas conheço um pouco de behaviorismo e me pareceu que o argentino é um passional. Para eles não existe meio termo. Ou ama ou odeia e têm a coragem de assumir essas posições, independente do interlocutor, seja ele o presidente da república ou o mais simples cidadão, o doutor catedrático ou o analfabeto.

Com eles não tem os “bonzinhos” ou “bonitinhos” que nós, os brasileiros, usamos quando pedem nossa opinião sobre algo ou alguém (principalmente fotografia de menino feio) e não queremos melindrar o interlocutor.

Uma das características marcantes e admirável do argentino comum é o amor, incondicional, à pátria e aos seus valores fundamentais. Poderíamos até classificá-los de necrófilos vez que seus heróis/ídolos como Jose de San Martim (o libertador), Carlos Gardel, Juan Domingo e Evita Perón, Néstor Kirchner e muitos outros são amados ou odiados intensamente todos os dias, quer sejam em cerimônias oficiais, nas ruas ou em casas de espetáculos como Señor Tango.

Enfim, desse paradigma estou livre.

Continua em SOB QUATRO BANDEIRAS - parte 3