SOB QUATRO BANDEIRAS – Parte 3

Continuação de SOB QUATRO BANDEIRAS - parte 2.

Deixamos Buenos Aires, sob um sol de rachar, e fomos para Rosario, capital da Província de Santa Fé para conhecer o Monumento à Bandeira.

O hotel em que ficamos hospedados nos presenteou com vales de PA$ 50,00 por pessoa, para jogar no cassino anexo.

Márcia e eu, jogamos nossos cem pesos e ganhamos PA$ 303,00.

Andando por dentro do cassino, vimos pessoas com caras alucinadas, vagando como zumbis ou paradas diante das máquinas cheias de luzes coloridas. É chocante ver-se pessoas jogarem compulsivamente, hipnotizadas pelas máquinas, com as mãos crispadas arranhando as telas como se esse gesto insano, próximo da histeria, pudesse de alguma forma, contribuir para a formação da sequência desejada.

Depois Resistencia, capital da Província Del Chaco com belas igrejas, onde também compramos o Alfajor (tipo de biscoito recheado com doce de leite... divino).

Seguimos viagem, cruzamos o Rio Paraguay e nosso passaporte recebeu o visto de entrada na pátria Guarany.

Vimos a catedral metropolitana, o Panteão dos Heróis, o Palácio do Governo o monumento e a casa onde viveu Francisco Solano Lopez.

Essa visão me fez retornar ao ano de 1955 onde, na sala de aula do Instituto 15 de Novembro, da Professora Dona Josephina Lyra Cruz, estudávamos a versão oficial da Guerra do Paraguai, a qual, hoje, entendemos ter sido um genocídio por interesse comercial.

Conhecemos o Santuário Nacional da Virgem de Caacupé (padroeira do Paraguay) e compramos a sua imagem entalhada na madeira da erva mate (Ilex paraguaiensis).

De Assunção fomos para Ciudad Del Leste, a Meca das compras, que nada mais é do que uma versão internacional da Rua 25 de Março em São Paulo/Capital.

Ruas cheias de vendedores ambulantes, tendas, barracas, lojas todas abarrotadas de mercadorias e clientes, gente entrando e saindo de todos os locais, mercadorias sendo apregoadas aos berros, em português, inglês, espanhol, guarani e pelos auto falantes guarânias executadas por harpas, pessoas de aspecto duvidoso abordando os transeuntes, guardas de trânsito, policiais fazendo a ronda armados com escopeta, buzinas de veículos...

Uma muvuca total, onde os preços dos artigos em geral, não justificam o sacrifício...

Mas isso não é o Paraguay, é uma coisa artificial, plantada num país rico em belezas naturais com alto potencial onde a população, não envolvida nesse comércio ensandecido, vive a paz e a tranquilidade de tomar um terere, logo ao amanhecer, em família, sentados às sombras das árvores em amplos espaços entre as casas pintadas com cores fortes.

O Paraguay é o único país no mundo com excedente de energia, só precisa de governante honesto (como foi Solano Lopez) que melhore, ainda mais, a qualidade de vida daquela gente simpática e acolhedora.

Por tudo o que experimentamos e vimos durante nossa estada no Paraguay, notamos o quanto é injusto o preconceito que herdamos sobre aquele povo.

Recebemos o visto de saída e cruzamos a Ponte da Amizade. Novamente no Brasil, em Foz do Iguaçu, fomos ver as cataratas.

Apesar da riqueza vocabular da nossa língua, não há como descrever o espetáculo que, a cada passo, se descortina para o visitante. Nessa época do ano, no dia em que lá estivemos a vazão era da ordem de 8.500m³ de água por segundo e o spray, resultante das quedas, molha totalmente a todos que passam pelas passarelas. Muitos animais de vida livre, principalmente aves, povoam o parque que foi criado por iniciativa de Alberto Santos Dumont (o pai da aviação).

No dia seguinte fomos para Curitiba, última etapa da nossa viagem. A capital do Estado do Paraná já é nossa velha conhecida visto que estivemos por duas vezes visitando seus pontos turísticos, tudo descrito nas crônicas que publicamos nas épocas, aqui no RL (CURITIBA Código do texto: T3972434 em 06.11.12 e CURITIBA II Código do texto: T4030178 em 11.12.12)

Na noite desse mesmo dia, estávamos em casa e como tudo na vida, o deslumbramento que durara dezesseis dias, havia chegado ao fim.

Ficaram mais de quinhentas fotografias, as lembranças dos bons momentos, a felicidade de ter conhecido pessoas diferentes e ao mesmo tempo muito parecidas conosco e, principalmente, a vontade de partir, o mais breve possível, para outras aventuras.