Wikipédia de Oiram
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Oiram, a víbora notívaga
Oiram era um velho sábio que vivia sempre com uma caneta e um papel em punho. Alguns contam que ele sempre tinha um verso pronto para distribuir, feito pérolas, aos oprimidos de vida. Na verdade, ninguém sabe de onde ele veio, sua data de nascimento e nem o local em que residiu. Viveu, durante muito tempo, entre néscios e fez alguns sequazes; mas nem todos entenderam a sua palavra.
Juram alguns que ele fazia milagres; que fez cego enxergar, surdo ouvir e manco caminhar. Dizem que sua caneta era mágica e que cada palavra escrita levava a uma tensão e um acontecimento. Oiram era o próprio acontecimento. Muitas vezes, foi acusado de bruxaria pelos senhores estantes e quase foi queimado por apedeutas.
Sua missão foi desconhecida, seu ideal pouco se sabe; ele era a incógnita. Oiram confundia e não solucionava, dessa maneira, recebia pedras como agradecimento ao avesso.
Certa vez perguntaram-lhe o que ele era e com a voz firme, apesar dos muitos anos caminhando pelo mundo, ele respondeu.
- Sou cravos!
A resposta foi lacônica, mas não entendível. Oiram respondia com a palavra certa, o que foi perguntado na hora errada.
Sua vida sombria, seu jeito arredio e seu olhar de viés para tudo, estimularam a imaginação de muitos e, então, passou a ser conhecido como o “Encantador de serpentes”. Seu veneno vinha adocicado e meloso; sua palavra era um caldo açucarado letal.
Um dia, as más línguas é que contam, ele resolveu passear pelos quasares e de lá jamais retornou. Alguns juram que, na noite escura, onde há trovões e raios ele pode ser visto; sempre com caneta e papel em punho. Hermes disse que aprendeu com ele a “Grande Arte” e afirma que ele desse aos infernos e recolhe, do limbo, a palavra mais suja e a limpa com seu discurso subliminar.
Dizem que ele escreveu uma bíblia, mas essa é outra história.