A Voracidade dos Jogos
A obra “Romance” de James A. Michener contextualiza o quê há no mundo editorial perpassando pelo mundo do escritor, de seu agente, de seu crítico e de seu leitor.
Tudo um jogo!
Um jogo acadêmico onde a finalidade não é formar só o professor de idioma e sim o escritor para abastecer o mercado de novidades literárias.
Um jogo editorial que escolhe nem sempre as boas histórias e sim aquelas que garantirão mais vendas.
Um jogo dos agentes editoriais que moldam os escritores e que estão de olho e ouvidos no que os leitores gostam de ler.
Quando a história contada tem uma boa vendagem ela sai do campo editorial e ganha outro filão do mundo dos negócios: o cinema.
Deste modo as histórias transcendem as fronteiras nacionais pelas traduções e películas. Torna-se moda assistir, comentar e ler os livros que deram origem aos dramas cinematográficos.
O mundo se liga!
No estrangeiro – fora dos países de origem dos livros e filmes – chega primeiro nas salas de cinema e depois é que a leitura é motivada – países sem tradições literárias e de leituras.
A imaginação é despertada pela magia como se viu na saga “Senhores dos Anéis” e “Harry Potter”. Ou as histórias dos amores impossíveis, como a abordada pela matriz “Crepúsculo”, cumpre o papel da alienação como novelas televisivas.
Uma obra que não começa com o “Era uma vez” e nem termina com o “Foram felizes para sempre” do romantismo dos contos de fada é a trilogia “Jogos Vorazes” de Suzanne Collins.
Reporta, sim, às reais relações humanas e interesses pessoais, políticos e emocionais. A autora destaca, no final, a contribuição e formação recebida do pai que discutia história em casa e ao interesse despertado pela mãe para com as boas leituras.
A obra supera outras do gênero por abordar com uma linguagem apropriada para adolescente o desenrolar que envolve os interesses políticos de qualquer sociedade. Por isto não cai na alienação fantasiosa e nem no clichê do amor romântico.
“...o pensamento em prol do coletivo normalmente possui vida curta. Somos seres volúveis e idiotas com uma péssima capacidade para lembrar das coisas e com uma enorme volúpia pela autodestruição.”
“Jogos Vorazes” cabe bem como uma parábola política.
Leonardo Lisbôa
Barbacena,24/01/2014.