Mundo dos sonhos.

Na última noite de fina garoa, meu corpo repousou no aconchego de um inesperado lar. Era uma choupana desabitada que se localizava no alto de uma montanha de difícil acesso. Ao me direcionar à porta de entrada que estava entreaberta, notei que havia uma imensa e densa teia de aranha. Peguei um pequeno pau que se encontrava no chão e comecei a destruí-la para então poder adentrar naquele lugar de aparência fantasmagórica. Ao dar os primeiros passos já dentro, percebi que havia um lampião sobre a mesa e lembrei que carregava comigo uma caixinha de fósforos contendo poucos palitos. O acendi e pus novamente e com cuidado sobre o móvel onde estava. O espaço se iluminava e logo notei que lá tinha tudo o que precisava para minha breve estadia noturna. Um grande sofá se destacava na sala, dele me aproximei e constatei que não era nada confortável, mas o cansaço físico e o sono me obrigava a nele me deitar. Minhas pálpebras estavam pesadas e lentamente o sono foi de maneira forçada me conduzindo até um mundo extasiante e surreal, embalado por seres mitológicos de aparência bizarra que em princípio me amedrontaram, mas que depois me causaram boa feição às suas estranhezas.

Passei então a contemplar um universo exótico onde nada havia de racional e a loucura era o mais eficiente remédio para as feridas abertas pela dura realidade cotidiana. De repente, um teatro de situações inimagináveis caprichosamente preparadas me envolveu. Causara-me pânico e medo à princípio, mas depois, o pesadelo se dissipou e me vi caminhando em uma campina verdejante que muito me acalmava. Mas o mundo dos sonhos tem seu tempo próprio e, em determinado momento, me convidou a dele se retirar, sem me perguntar se desejava sair.

Acordei com a luz do sol escaldando o meu rosto por uma pequena fresta no telhado e subitamente todo aquele teatro desapareceu de minha mente, mas sei que está guardado em algum lugar de minha memória e talvez volte a revisitar à noite o misterioso mundo do sono onde tais coisas me impressionaram.

Caio Ferro
Enviado por Caio Ferro em 22/01/2014
Reeditado em 22/01/2014
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