LIGEIRINHO
Jânio era prefeito de São Paulo, pela segunda vez - o que confirma a tese de que desgraça pouca é bobagem. Nos corredores da Câmara Municipal, não se falava de outra coisa: o secretário de Educação estava com as horas contadas. Seu substituto seria indicado por um dos vereadores mais antigos da Casa, raposa velha, de pouquíssimas palavras, avesso a entrevistas. Depois de um tempão esperando, o repórter foi atendido. E pego de surpresa:
-- Com quem você está? – quis saber o vereador.
O repórter se fingiu de morto:
-- Desculpa, não entendi sua pergunta?
-- Em que gabinete está lotado?
-- Em nenhum.
-- A partir de agora, está comigo.
-- Fico grato ao senhor pelo convite. Mas não posso ser repórter e assessor ao mesmo tempo. Não é ético.
-- Meus parabéns. Sempre soube que você era homem honrado. Vamos tomar um uísque e não se fala mais nisso. Só bebo com gente de bem.
O bagre ensaboado colocou ponto final no assédio.
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