LIGEIRINHO

Jânio era prefeito de São Paulo, pela segunda vez - o que confirma a tese de que desgraça pouca é bobagem. Nos corredores da Câmara Municipal, não se falava de outra coisa: o secretário de Educação estava com as horas contadas. Seu substituto seria indicado por um dos vereadores mais antigos da Casa, raposa velha, de pouquíssimas palavras, avesso a entrevistas. Depois de um tempão esperando, o repórter foi atendido. E pego de surpresa:

-- Com quem você está? – quis saber o vereador.

O repórter se fingiu de morto:

-- Desculpa, não entendi sua pergunta?

-- Em que gabinete está lotado?

-- Em nenhum.

-- A partir de agora, está comigo.

-- Fico grato ao senhor pelo convite. Mas não posso ser repórter e assessor ao mesmo tempo. Não é ético.

-- Meus parabéns. Sempre soube que você era homem honrado. Vamos tomar um uísque e não se fala mais nisso. Só bebo com gente de bem.

O bagre ensaboado colocou ponto final no assédio.

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Orlando Silveira
Enviado por Orlando Silveira em 20/01/2014
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