COPA DE 2006

Dorinha e Santinha, tias da minha amiga, moravam no Rio de janeiro. Elas criaram um cachorro com muito amor. Foi o grande amigo, o companheiro inseparável delas. O animal de estimação entendia tudo. Só faltava falar.

Num triste dia, o labrador morreu e, entre lágrimas e soluços, Santinha interfonou para o porteito.

-Jacinto, Pluto morreu. O que vamos fazer?

-A senhora tem que retirá-lo do apartamento logo, porque o bicho vai feder e o pessoal vai reclamar.

-Retirar como?!

-O morador do 801 comprou uma televisão grandona, para ver os jogos da copa. Vou levar a caixa aí, botá-lo dentro e vocês arranjam um lugar para enterrá-lo.

As idosas ligaram para uma amiga, que tem um sítio a 40 quilômetros do Rio, combinaram tudo e interfonaram de novo.

-Jacinto, está tudo certo. Por favor, vem buscar o Pluto e, depois, vamos arranjar um taxi grande para nos levar ao sítio.

Daí a pouco.

-Fiquem aqui, na esquina do prédio, que os taxis passam toda hora. Não falem que é um cachorro morto, senão o taxista não leva.

Quando o carro deixou o asfalto e entrou numa estradinha deserta, de terra, o motorista parou o veículo, apontou o revolver para as passageiras e disse:

-Vocês descem, mas e tevê fica.