“Exame de Admissão” ao céu.
Por Carlos Sena.
Por Carlos Sena.
Gosto de ouvir qualquer pessoa que saiba falar. Acima de tudo saiba o que vai dizer e, efetivamente, comunicar. As igrejas, no geral, tem bons faladores. Alguns podem se dizerem pastores, padres. Efetivamente o são. Pela sabedoria, pelo compromisso social, pela própria fé. Outros nem tanto. Nesse rol estão os que adoram repetir mentiras pela imaginação equivocada de que elas se transformem em verdade. No bojo da igreja católica, ainda existem falas meio capengas, mesmo considerando que ela, enquanto igreja deu uma melhorada no seu gestual e na sua práxis. A despeito disso, muitos padres e afeiçoados ainda pregam que não nascemos para ser felizes nesta vida. Que a verdadeira felicidade só alcançaremos depois de batermos a caçoleta, ou as botas, como costumamos dizer. Quem estudou sabe e quem não estudou também, que as igrejas sempre gostaram de dinheiro, e muito. Ninguém ignora que a Sistina – principal igreja do Vaticano foi construída pelo papa Sisto na base do “quem der mais vira santo”... E quem deu mais grana para a construção dessa igreja virou santo até que o Pio XII (salvo engano) caçou o mandato de todos eles, porque eles se um dia foram santos o foram do pau oco. Hoje o povo deixou de ser bobo, mas nem tanto. Porque eivados pela fé cega, entregam todas as economias para as igrejas, principalmente as pentecostais e ficam lascados. Esse é o tipo de fé cacófata: fede mais e fede menos.
Voltando a questão da felicidade depois da morte, entendemos ser uma fala anacrônica e infeliz. Consegue ser ridícula em todos os sentidos. Primeiro porque o Criador não é mesquinho, tampouco egoísta e ditador a esse ponto. Na verdade Deus não está nem aí pra nós e foi por isso que nos deu o livre arbítrio. Ele (Deus) por ser grande e tridimensional nos fez pequenos e unidimensionais, ou seja, somos pecadores e teremos que morrer um dia. Depois da morte, sabe Ele, o que será de nós. Fato é que nada nos impede de sermos feliz na terra e isto é possível e muito possível. A questão da salvação da alma não será mais conosco depois de mortos. Porque a alma tem que ser salva quando estivermos vivos. Vivos, certamente só salvaremos a alma se felizes formos. Porque a felicidade em vida tem que considerar nossos pecados e quem nos cerca que são, naturalmente pecadores. Talvez o que se precise dizer é que ninguém conseguirá ser feliz na terra sem descobrir os reais caminhos disso. Caminhos que, certamente, passam pelo amor, pela fraternidade, pelo perdão. Quem, de bom senso, que saiba amar, ser fraterno e perdoar não consegue ser feliz?
Para não ser radical, vamos concordar com as igrejas. Mas, da seguinte forma: teremos que alcançar a felicidade quando passarmos dessa vida para outra. Não sei se será a melhor, mas para a outra vida. Qual o problema se sermos felizes primeiro nessa. Seria um “exame de admissão” ao céu, nem que fosse o da boca, mas o céu. Assim, acreditando que Deus seja mesmo imenso e dono de tudo, certamente que ele é feito água, toma a forma em que a coloquemos. Cada um tendo seu Deus fica melhor de compreender esse “exame de admissão” ao céu, ou seja, é possível ser feliz na terra sim. Se em vida não se pode deixar de sofrer, então busquemos pelo menos momentos felizes e procuremos eternizar esses momentos e, então, teremos sido felizes primeiro aqui. Se depois de mortos não houver mais nada do outro lado, quem ganhou?
Bom Conselho, 18 de janeiro de 2014.