A espera e eu

Por diversos momentos tive que aceitar a espera que ela me colocava no meu caminho, foram dias demasiado longos para aguentar calado. Às vezes eu tentava remar contra essa maré, e no meio de sonolências e de abraços imaginários com que ela me presenteava, eu acabava por dizer algumas poucas palavras que ameaçavam acender o rastilho dentro de mim. De certa forma, a bomba estava programada, precisando apenas de um dia cansativo, e de um texto provocativo.

Ontem, foi esse dia, ela escreveu um texto controverso, quando li senti um sentimento de frustração, de pura irritação, ao ponto de dar dois murros na mesa, puxar meus cabelos e de jogar minha voz bem alto pelos quatro cantos da casa. Pensei pra mim mesmo - que se de noite ela me ligasse eu colocaria minha boca no trombone e deixaria tudo em pratos limpos. A hora, o momento, o instante tinha acabado de bater na minha porta. Jamais iria perder essa oportunidade! Arregacei as mangas da camisa que comprei em Portugal, joguei água no rosto, e esperei que a noite chegasse.

Jantei a muito custo, pensei no jeito de falar, mas era tanta coisa guardada dentro de mim, que qualquer discurso ensaiado sairia furado. Foi então que decidi jogar meu coração pra largo e deixar minha cabeça comandar. Pouco passava das nove quando ela me chamou pelo Whatsapp, respondo que estou jogando “pra matar a ansiedade que me invade nesta hora”. Conversa puxa conversa e eis nós dois de frente no celular.

- Aí eu pensei – cá vai disto, te aguenta porque não vou cessar...

Eu falava de um jeito impactante, incisivo e confiante, nada me podia fazer parar naquela hora. Eu sentia que a coisa ou ia ou rachava. O amor que eu sinto por ela é indiscutível, ele se mantêm aflorado em mim a cada investida dela. Confesso-vos que tenho sofrido mais por esta mulher do que alguma vez sofri na minha vida. Não tenho medo de arriscar, não temo o efeito borboleta que isto pode causar, estou na plenitude das minhas capacidades motoras e pronto pra me encontrar com ela.

- (Ela) Não...; Pára!!! não me peças mais tempo, não me peças aquilo que eu não tenho pra te dar. Se me quiseres... é agora; pensa, mas pensa rápido, à mínima resposta tua estou eu comprando minha passagem de avião pra aí. Depois disso não há volta a dar.

- (Ela) João, mas...; não tem mas, nem menos mas... tem o agora, e esse agora sou eu: um homem que quer te conhecer e está disposto a fazer uma viagem pra te ver. É isso que temos neste momento.

Se tu és a mulher que eu acho que és, então vem comigo, deixa-me ver-te, deixa-me ir ao teu encontro. Não deixes que o poema te roube a cena.

Jvcsilva
Enviado por Jvcsilva em 17/01/2014
Reeditado em 18/01/2014
Código do texto: T4653941
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