Manuscrito.
Quando da minha infância e adolescência, havia um livro com o título: “Manuscrito”. Havia nele textos escritos com deferentes letras cursivas, dos mais importantes personagens da literatura brasileira. A finalidade didática do livro, era o desembaraço para uma leitura fluente, naquela época só os grandes centros dispunham de gráficas e máquinas datilográficas. Uma tortura na época era conseguir ler os garranchos das receitas médicas, mesmo os balconistas de farmácias tinham dificuldade de entender tais receitas. A caligrafia dos doutores era tão difícil, que inspirou Leopoldina Dias Saraiva em seu livro “Guirlanda de trovas” o verso: Vaidosa afirma a criada/ Zé vai sê doto pruquê/ tem uma letra danada.../ Escreve, mas ninguém lê.
Fiz esse preâmbulo para questionar as receitas médicas com leituras difíceis. Porquê os médicos não escrevem com letras legíveis ou usando a modernidade tecnológica? Há receitas que até o balconista experiente fica embaraçado. É necessário que os médicos facilitem à vida dos brasileiros semi e analfabetos, já que o índice é alarmante.
Este texto foi publicado no extinto jornal, Diário da Tarde em 6 de Abril de 2001.
Lair Estanislau Alves.