Tardes primaveris

Hoje à tarde, ao retornar de meu exaustivo dia de trabalho, notei que as flores do meu jardim haviam se desabrochado garbosamente, exibindo com grande impetuosidade a beleza que a natureza lhes confiou. Era um fascinante pequeno mundo de pétalas policromáticas que pareciam ter sido cuidadosamente idealizadas e pintadas por um Rembrandt ou Michelângelo. Despertavam em mim a alegria mais inocente e de repente me vi prostrado por alguns minutos diante delas. Meu olfato captou a agradável essência que perfumava o ambiente e que atraia pequenos beijas-flores desejosos em sugar de forma delicada o néctar que lhe dava energia para bater asas. Notei que o sol já se despedia no horizonte e não sabia se na tarde de amanhã presenciaria espetáculo semelhante, mas o que importa é que são os momentos mais parnasianos que mais nos confortam das aflições mundanas.

Caio Ferro
Enviado por Caio Ferro em 16/01/2014
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