Ana Bailune
Eu - Pela Maior Autoridade no Assunto
Nem me lembro muito bem de quando eu comecei a escrever. Eu ainda era criança. Tive uma professora na quinta série que me ajudou, dando-me algumas noções básicas sobre poesia (praticamente, as que uso até hoje) e dicas de redação. Comecei a escrever muitas histórias que eu mesma ilustrava com meus desenhos. Eu as escrevia apenas para mim, e depois, rasgava ou queimava.
Muitos anos depois, algo aconteceu – uma morte – e comecei a escrever quase compulsivamente. Queria colocar para fora tudo aquilo que, na inexperiência de uma adolescente de apenas dezessete anos, eu não conseguia compreender e digerir.
Um dia, eu estava tomando café em uma padaria quando vi na parede o anúncio para um concurso de poesias local, organizado pelo Silogeu Petropolitano. Naquela época, eu já estava casada e tinha uma vida completamente atribulada, com uma casa para cuidar e meu trabalho com uma de minhas irmãs. Não prestei muita atenção ao anúncio, até que, mais tarde naquele mesmo dia, abri um jornal e lá estava ele novamente. Achei que havia alguma coisa ali para mim na qual eu deveria prestar atenção.
Enfim: inscrevi-me no concurso com um poema entitulado “Fantasmas”, e apesar do grande número de participantes, acabei ficando em segundo lugar. Dali, recebi convites para participar das noites de poesia no Petropolitano Futebol Clube, às quintas-feiras.
Mas a vida deu voltas, e tive que deixar o grupo quando comecei a dar aulas de inglês.
Fiquei muitos anos sem escrever, até que foram surgindo outros concursos, e um deles, novamente organizado pelo Silogeu, deu-me a primeira colocação. Acho que foi por volta de 2001 ou 2002, não me lembro muito bem; nunca fui boa com datas e números. O poema premiado chamava-se “Somos Irmãos.”
Em 2008, descobri por acaso o Recanto das Letras numa busca pela internet. Antes, já havia participado de um outro espaço, que terminou, do qual fazia parte Lu Cavichiolli. Foi lá que nos ‘conhecemos’, lembra, Lu? Do Recanto das Letras, parti para os blogs – que hoje são cinco, sem mencionar o Gândavos, de Carlos Lopes, e o “Quiosque do Pastel,” de Lu.
Através do Gândavos tive a chance de participar de várias antologias de contos com excelentes autores. Alguns deles, como Maria Mineira, entre vários outros, também escrevem no Recanto das Letras. No ano passado, a convite de Carlos Lopes, participei do seu concurso de contos, e para minha surpresa, entre tantas pessoas de talento indubitável, venci.
Em 2011, publiquei meu primeiro livro de poemas, “Vai Ficar Tudo Bem”, cuja renda foi inteiramente doada ao GRAAC – para o qual contribuo até hoje. A tiragem foi pequena – apenas cem exemplares – e esgotou-se em questão de três ou quatro meses. Lancei uma segunda edição pela Amazon, que graças a Deus, teve boas vendas.
Também pela Amazon, lancei outros livros: três de poemas, um de contos e outro de crônicas. Quem desejar conferir, basta ir até lá e digitar “Ana Bailune” na busca. Também há amostras destes livros aqui no Recanto, em “e-livros.”
Esta é a minha história.
Leio muito, e também releio textos de autores que gosto aqui no Recanto; chego até eles novamente através dos meus comentários, clicando em “enviados.” Atualmente estou lendo ou relendo clássicos, aqueles livros essenciais que a gente nunca tem tempo para ler, mas que promete que um dia, os lerá. Meu dia chegou. Vivo momentos prazerosos em minha rede ou na minha poltrona favorita, Kindle na mão, baixando e lendo os grandes filósofos e autores clássicos.
Quando não estou lendo ou escrevendo, eu dou aulas de inglês; passo muitas horas no preparo das aulas. Além disso, tenho uma casa bem grande para cuidar, e fiz questão de não ter uma empregada. Assim, faço todo o serviço da casa, e confesso que sou um pouquinho exigente com a limpeza... Lu Narbot me perguntou como eu consigo. “Você não dorme?”, ela indagou. Durmo sim, Lu, quase oito horas todas as noites. Mas mantenho minha agenda organizada, e acordo sempre muito cedo! É incrível a quantidade de coisas que a gente consegue fazer quando se organiza direitinho. E é claro, sempre reservo o domingo e a sexta feira para descanso.
Fico muito contente que em um universo de centenas de milhares de pessoas como no Recanto, e de milhões de pessoas, como nos blogs, eu até hoje tenha me desentendido com apenas cinco destas (uma gentil e prestativa senhora fez questão de contabilizá-las e publicar o número em um comentário postado após um meu, e vi-o ontem num dos textos que reli). Mas o que eu realmente contabilizo, não são o número de desafetos ou o número de leituras em meus textos, mas a intensidade do prazer que sinto quando escrevo e leio. Para mim, é o que mais importa. Esta mesma senhora que me apontou também desentendeu-se com várias pessoas – o que acho muito normal, afinal de contas, é impossível dar-se bem com todos o tempo todo. Mas é sempre bem mais fácil desviar a atenção sobre si mesmo focando nos defeitos alheios.
Enfim: escrever tem me trazido bem maiores prazeres do que desgostos. E se há aqueles que detestam o que eu escrevo, há um número consideravelmente maior de pessoas que gostam dos meus escritos. Também é por eles que eu continuo, pois como alguém já disse, “Para quem escreve, nada melhor do que saber-se lido.”