Sonhos de Ícaro.

Para além das nuvens se elevaram meus pensamentos, obrigando-me a enveredar em uma épica jornada, rumo ao desconhecido que tanto me fascinava. As asas da liberdade se abriram e ao seu encontro vi-me em incessante busca. Temia deixar o ninho acolhedor, mas era hora de alçar voo, como as aves do céu que perfilam nos ares a essência de suas vidas. Pouco à pouco fui ganhando altitude. Nenhuma barreira se mostrava diante de mim.

Do horizonte, vi que uma tempestade estava se aproximando e não lhe dei a devida importância. Ventos sopravam com força em minha direção e não podia mudar o curso de minha longa e solitária epopéia.

-Que farei agora? Interroguei-me.

- Baterei cada vez mais forte as minhas asas. Voarei o mais alto que puder.

Assim o fiz e logo notei que cada vez mais o chão se distanciava de meus pés. Tudo se tornara pequeno lá de cima, até as aflições mundanas. Casas e prédios eram apenas miniaturas. O silêncio absoluto imperava e contemplava do alto a paz que não existia lá em baixo.

Então me veio à mente de que minhas asas eram de cera e de que em pouco tempo se derreteriam. Voava acima daquela tormenta e nem me dera conta. Nada mais podia ver abaixo de mim. Olhei para cima e vi o sol, em toda sua imponência. Interroguei-me desesperadamente:

- Que farei?

E uma voz misteriosa sussurrou timidamente em meus ouvidos:

- Continue batendo as asas com mais força, as tormentas logo passarão. E em alguns instantes você poderá descer em segurança.

Passados alguns instantes que não pude precisar, olhei novamente para baixo e pude visualizar o chão. Não mais haviam nuvens pesadas e podia então me recompor em solo. Ao me aproximar de uma colina, uma das asas ameaçou quebrar. O medo da morte tomou de súbito conta de mim. Eis que ela se partiu impiedosamente. Cai rapidamente e de elevada altitude por sobre a copa frondosa das árvores de uma floresta dominada por elfos e não tive qualquer ferimento de maior gravidade. Importantes lições eu tive, mas somente com o tempo poderei compreendê-las.

Caio Ferro
Enviado por Caio Ferro em 15/01/2014
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