Jegue no Bonfim
Galera dessa Faces & Bocas, mais uma vez, os jegues não vão fazer parte da Lavagem do Bonfim na próxima quinta-feira. Aliás, animal nenhum, pelo menos foi o que determinou a administração local. Alegaram aí um monte de coisas na linha do politicamente correto. Imagina você que, como argumento dessa “súmula vinculante” gestada pela autoridade municipal, foi ponderado até o risco de esses animais serem sodomizados desavisadamente. Realiza, meu amigo, você, cheio de colar pra dar do “Filhos de Gandhy”, entrando ululante na avenida e logo batendo de frente com aquela cena dantesca: um jegue sendo sodomizado por um transeunte, bem ali atrás do trio do Psirico. Detalhe: tocando, na hora, o tal do “Lepo, Lepo!” - Isso é de uma surrealidade asnal!...
Agora, apesar de a proibição se estender a todos os animais, os jegues, com certeza, são sempre os primeiros a serem boicotados. Um jegue é um boicotado, principalmente, porque nunca se avalia, por exemplo, a sua possibilidade de prazer na avenida. Sim, porque com toda aquela mulherada desnuda vaporizando sensualidade, dificilmente se pode imaginar que um jegue se sentiria menos jegue se daquela festa participasse. Muito pelo contrário, eu acho até que, em sendo Lavagem do Bonfim, ele aproveitaria para lavar a jega.
No interior nordestino também existe boicote: há muito tempo que um jegue vale menos do que uma galinha, por conta da sua substituição pelas motocicletas. O pessoal da roça só quer tanger o gado, carregar laranja, o escambau, de motocicleta; tudo é feito com elas. Os jegues? Ora, esses estão no ostracismo, comendo a grama do passeio da igreja, assistindo missa... desse jeito, daqui a uns dias poderemos ter um jegue vigário, um jegue pastor...
Questão de ordem, Senhor Prefeito, mais respeito aos nossos jegues! Com os asnos na praça, não necessariamente teremos asneiras!