1 -ONTEM UM OU DOIS MALOTES, HOJE NENHUM

ONTEM UM OU DOIS MALOTES, HOJE NENHUM

Papai trabalhava, assim como a maioria dos papais de ontem, ele, o papai trabalhava na tesouraria da Prefeitura Nova, ela tem cara de velha, até que se olhe à velha, que fica logo em frente, tudo bem do ladinho do Mercado Público, então a velha parece muito jovem.

Nas cercanias eu habitava aos sábados e depois por alguns momentos da semana na minha criancice e quase adolescência.

Veio o adulto e então abusei, durante três anos fui meio xerife, totalizando 17 anos como frequentador quase diário do espaço.

Pelo xerifado contemplava a agitação do Passo na busca de papai e de seu Josino, tesoureiro da Prefeitura, queria vê-los carregando cada um dois malotes abarrotados de dinheiro, entre a tesouraria da Prefeitura e o Banco do Brasil, outro prédio do Passo Municipal, não tão velho como os demais, mas digno de respeito.

Papai que era continuo, além de papai, servia de carregador, só isto, não havia guardas, nem ladrões, nem os de esquerda, provavelmente pelo medo dos anos sessenta.

Todos os dias lá se iam os malotes cheios de tributos arrecadados.

Durante o xerifado o Passo, as Praças XV, Parobé e tudo por ali precisavam de ordem contra os ladrões sem esquerda, sem direita fervilhavam, então compreendi que precisávamos muito mais do que ser xerife para manter a ordem, assim deixei de ser meio xerife e me bandeei sem avistar os malotes.

Do Livro: A força de cada um

2013 - 2014

ItamarCastro
Enviado por ItamarCastro em 13/01/2014
Reeditado em 01/02/2023
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