Uma palavra vale mais que mil imagens
Reverenciemos a palavra. Ela, que nos empresta o seu espaço no tempo para que possamos nos expressar. Que contorna nossos desejos, abriga nossas intenções e registra o nossa compreensão do mundo.
As palavras são as chaves, diz um amigo. Impossível não ser. Pois são elas e tão somente elas que conseguem destrancar muitas portas, principalmente aquelas que pareciam jamais serem abertas.
Reverenciemos.
Prefixos que se encaixam como lego. Vírgulas, pontos, acentos se juntam numa sinergia sintática que floreia uma frase, crava axiomas e perfuma poesias.
As palavras do bem, as que traduzem o ódio, as que revelam o inferno, as que conduzem ao pódio. Aquelas da prosódia arrastada, que tecem sotaques. As que estão na tela, no caderno, nos sinais, no braile.
Reverenciemos.
Outras palavras são homônimas, algumas parônimas. Muitas delas são chiques, outras cafonas. Algumas bem antigas, obsoletas, anacrônicas. Outras modernas, hodiernas, radiofônicas. Pra tudo quanto é gosto. Para o igual. Para o oposto.
A palavra é o pavimento da comunicação. É o erudito que se torna simples, o coloquial que se torna sofisticado. O prolixo que despreza o sucinto. A metáfora que adorna a linguagem. As palavras que rimam. As que trazem coragem.
A palavra é o trunfo do ser humano. É a arma do malandro, a obsessão dos gagos, o mapa dos curiosos, o refúgio dos intelectuais, o desdém dos tolos.
Reverenciemos.
A palavra é o passaporte para o futuro, o espelho do passado, a legitimação do presente. É a síntese da arte, a profusão do imaginável. É o infinito.