Café das cinco
Café das cinco
Amigo leitor,o reencontro com velho parceiro faz reviver
antigas lembranças que parecem tão vívidas nos mínimos detalhes.
O incorrigível,romântico,inconseqüente anjo Osvaldo estava de volta,trazendo velhas recordações.O pobre se metera em diversas situações embaraçosas quando,por exemplo,conheceu o sacristão da capela de São Elesbão,
virou a cabeça do padre Ananias ao,quase, torrar as hóstias que chegaram da padaria.Porem,meu amigo morcego anjo,guarda chuva mensageiro de asas rotas pelo tempo,tinha a palavra certa para o momento certo.
Pontualmente,descia do sótão empoeirado,sacudia -se para retirar parte do pó e me acompanhava no cafezinho forte,bolachas d’água com manteiga.Impressionava-me a quantidade de açúcar que deitava na xícara!
Numa destas tardes de outono,onde o frescor vespertino acariciava nossas faces,o anjo Osvaldo,fitando-me,profundamente,vaticinou:-”Meu amigo,ontem a noite,o Nietzsche disse-me algo que lembrou você.Realmente,sua roda de amigos reunia o filosofo niilista,um médico do interior o Dr João pobre de marre de si,pois não cobrava consultas e o Laudelino da Silva um jardineiro de sorriso de lua a contrastar com o ébano da pele assemelhando uma noite sem estrelas ...
Curioso,indaguei,prontamente,o que falara o pensador.
O anjo Osvaldo aprumou-se na cadeira,deixando as negras asas arrastando pelo chão e disparou:”O amor é o estado em que o homem tem mais probabilidade de ver as coisas tal como elas não são”.
Ah!Esta sentença estava reservada para mim,que vestindo roupa de Ivanhoé com penacho e tudo,roubara esqueleto em cemitério para “presentear a amada”,comera
gororoba semi crua achando ser manjar divino...
Meu amigo,respeitosamente,não deixou escapar aquele risinho desmoralizante e,logo,vindo em meu socorro,lembrou-me da paixão que nutria pelas alvas pombas da virgem do Nilo.Amigo leitor,não pense que tratava-se de columbas,mas dos hirtos seios da vestal!
O casmurro desmanchava-se ao contemplar aquele par de graciosos pêssegos macios que faziam relevo nas finas roupas da virgem.Meu amigo,quase perdeu sua condição hierárquica de serafim,quase arcanjo em virtude de cultuar um amor insano...
Quem o salvou foi o simplório Laudelino que lhe disse:”Osvaldo,seu olho foi furado pela beleza da menina e através dele,saiu todo seu juízo”...
Meu amigo anjo,olhando o jardineiro que mascava fumo tranquilamente,engoliu em seco e bateu asas rumo a meu sótão!
Naquela tarde o cafezinho com bolachas tinha um sabor mais que especial e logo a noite chegou...
Ouço,agora,no alto de minha casa,os roncos profundos do anjo Osvaldo...
Durma,durma meu amigo!
Café das cinco
Amigo leitor,o reencontro com velho parceiro faz reviver
antigas lembranças que parecem tão vívidas nos mínimos detalhes.
O incorrigível,romântico,inconseqüente anjo Osvaldo estava de volta,trazendo velhas recordações.O pobre se metera em diversas situações embaraçosas quando,por exemplo,conheceu o sacristão da capela de São Elesbão,
virou a cabeça do padre Ananias ao,quase, torrar as hóstias que chegaram da padaria.Porem,meu amigo morcego anjo,guarda chuva mensageiro de asas rotas pelo tempo,tinha a palavra certa para o momento certo.
Pontualmente,descia do sótão empoeirado,sacudia -se para retirar parte do pó e me acompanhava no cafezinho forte,bolachas d’água com manteiga.Impressionava-me a quantidade de açúcar que deitava na xícara!
Numa destas tardes de outono,onde o frescor vespertino acariciava nossas faces,o anjo Osvaldo,fitando-me,profundamente,vaticinou:-”Meu amigo,ontem a noite,o Nietzsche disse-me algo que lembrou você.Realmente,sua roda de amigos reunia o filosofo niilista,um médico do interior o Dr João pobre de marre de si,pois não cobrava consultas e o Laudelino da Silva um jardineiro de sorriso de lua a contrastar com o ébano da pele assemelhando uma noite sem estrelas ...
Curioso,indaguei,prontamente,o que falara o pensador.
O anjo Osvaldo aprumou-se na cadeira,deixando as negras asas arrastando pelo chão e disparou:”O amor é o estado em que o homem tem mais probabilidade de ver as coisas tal como elas não são”.
Ah!Esta sentença estava reservada para mim,que vestindo roupa de Ivanhoé com penacho e tudo,roubara esqueleto em cemitério para “presentear a amada”,comera
gororoba semi crua achando ser manjar divino...
Meu amigo,respeitosamente,não deixou escapar aquele risinho desmoralizante e,logo,vindo em meu socorro,lembrou-me da paixão que nutria pelas alvas pombas da virgem do Nilo.Amigo leitor,não pense que tratava-se de columbas,mas dos hirtos seios da vestal!
O casmurro desmanchava-se ao contemplar aquele par de graciosos pêssegos macios que faziam relevo nas finas roupas da virgem.Meu amigo,quase perdeu sua condição hierárquica de serafim,quase arcanjo em virtude de cultuar um amor insano...
Quem o salvou foi o simplório Laudelino que lhe disse:”Osvaldo,seu olho foi furado pela beleza da menina e através dele,saiu todo seu juízo”...
Meu amigo anjo,olhando o jardineiro que mascava fumo tranquilamente,engoliu em seco e bateu asas rumo a meu sótão!
Naquela tarde o cafezinho com bolachas tinha um sabor mais que especial e logo a noite chegou...
Ouço,agora,no alto de minha casa,os roncos profundos do anjo Osvaldo...
Durma,durma meu amigo!