Piaf
Estava hà pouco, ouvindo a musica maravilhosa de Edith Piaf.
Depois apaguei a luz e fiquei imaginando: Fui buscar cada nota de cada canção e ouvir cada frase - A delicadeza e a dor - Senti!
Piaf é a mistura da alma francesa. É o sentimento da alma do mundo.
Toda época produz as suas alegrias e as suas tristezas, horrores e encantamentos, mas Piaf sozinha conseguiu produzir um tempo de encanto, usando o sentimento do mundo.
Tornou-se a essência sagrada de uma época. Deu vida a essa época. Bastaria ela, para que este momento fosse percebido.
Às vezes eu fico imaginando:
De que maneira a natureza se organiza, de que jeito ela é fecundada, que força espiritual é envolvida para que seja dada a luz, um ser tão magnífico, tão exuberante?
A frança não me surpreende. Às vezes consegue voar tão longe, e trazer do alto estas criaturas que só conseguimos imaginar que estão entrelaçadas nas outras esferas, nos lugares reservados à graça, nos domínios de deus.
Ela consegue desatar o nó que amarra o lugar do divino e o humano, e arrebatar para a terra a beleza, para mostrar ao mundo o poder da alma de frança.
Ouvir Piaf é estar em Paris, é respirar o seu romantismo, a sedução desta bela cidade, mesmo sem nunca ter estado lá.
A sua musica nos familiariza com Paris. A suas canções enchem o nosso coração das luzes e dos vinhos, das alamedas e dos amores, de todos os encantos e de todas as dores.
Piaf trazia isso na alma: todas as alegrias e todas as tristezas e por isso cantava com o sentimento do coração e emocionava tanto.
Bastaria que fosse só uma cantora, mas conseguiu ir alem daquilo que se pedia do seu gênio.
Na verdade, até as suas mais belas canções foram feitas por ela. Certamente queria mostrar aos mortais a maneira como ela queria que fossem feitas as canções que ela iria imortalizar: Existe uma musica tão eterna como o "hino ao amor", ou "la vie en rose"?
Ouço Piaf e vou para um momento que não foi meu, mas me sinto à vontade.
Qualquer de suas canções se insere no tempo do ontem e do agora, do amanhã e do sempre.
É que não existe uma data certa para se cantar o amor. O que é belo transcende o tempo e ilumina a eternidade.
Carinhosamente a chamavam de "cotovia de Paris", mas chamá-la de cotovia é muito pouco.
Piaf estava alem das cotovias e dos rouxinóis, estes são encontrados em todos os lugares. Piaf era um pássaro único.
Foi o belo anjo da musica, que fugiu do seu lugar sagrado para estar junto dos homens, e tornar a vida mais sonora, e nos mostrar que às vezes, ela pode até ser cor de rosa.
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