Boa sorte para Eva

Felizmente o Dilúvio aconteceu em um momento em que já não havia dinossauros na face da Terra. Já pensou se Noé tivesse quer embarcar um casal de cada tipo, a começar pelo Tyranossauros rex? Isso permite concluir: os dinossauros não tiveram colher de chá. Eles que se danem.

Mas nós não. Sempre teremos outra chance. Se o planeta Terra está indo “para o espaço”, vamos nós antes. E já temos destino certo, um simpático planeta sem nome situado a 20 anos luz de distância. Temperatura entre zero e 40 graus, presença de água, massa cinco vezes maior que a Terra, um Sol fraquinho. Os anos durarão treze dias. O grande problema é chegar até lá, mas nada que a ciência e a tecnologia não possam resolver nesse final de vida útil de nosso planetinha azul.

O melhor é que não precisaremos levar os dinossauros até lá. Levaremos somente gente fina. Bandidos estão fora, gente de maus bofes, fora, gente raivosa, fora, encrenqueiros fora, guerreiros fora, e vai por aí a fora, quem serão os felizardos escolhidos para embarcar na aventura de preservar o gênero humano no futuro, e, principalmente, quem os escolherá?

Bem, quem tiver a tecnologia escolherá, quem financiar a empreitada dela será dono, como a rainha de Espanha que colocou cabrestos em Colombo. Poderão, os escolhidos, ir na forma de embriões, congelados, para enfrentar a longa viagem. Em lá chegando serão descongelados e gestados em câmaras especiais.

Mas, espere, para que mandar embriões se podemos mandar uma única célula mãe, a célula-Eva, que dará origem a todos os organismos vivos, inclusive os vegetais e animais de interesse? O problema está resolvido. Uma única célula, dentro de um mini-foguete, poderá engolir esses 20 anos-luz com facilidade, alguns chips poderosos levarão toda a cultura humana para que os futuros homens possam resgatar a nossa sapiência acumulada em milhares de anos.

Então podemos dormir sossegados, a humanidade caminha a passos seguros rumo a um futuro de glória. Só temos que escolher a célula certa, a minúscula Eva que gere humanos decentes e não os megatérios antediluvianos. E para a pequena Eva só podemos desejar, boa sorte.