BOLSA DE ESTUDOS NOS EUA DÁ SEPARAÇÃO
 
Muito bem elaborado o artigo da psicanalista Regina Navarro Lins, na internet,com o tema “ A crise do casamento”...
Empresto o que ela diz no final do artigo,para contar um fato que ocorreu com um colega casado,que conseguiu bolsa de estudos nos EUA,levando mulher e filhos,quando ele era professor da UNICAMP,por aqui.
Assim diz Regina: “O casamento torna-se,então,um pesado fardo,pois,dificulta a realização do projeto existencial com suas metas individuais e independentes até das relações pessoais mais íntimas. Surgem os conflitos na tentativa de harmonizar a aspiração da individuação com a vida a dois,mas homens e mulheres,como mostra a atitude da internauta,estão cada vez menos dispostos a sacrificar seus projetos pessoais.Afinal,o preço cobrado depois pode ser tão alto que inviabilize a própria relação”. (UOL,dia 12 de janeiro de 2014).A psicanalista trata de uma questão de uma internauta que deseja cancelar o casamento,porque teria que viver numa cidade pequena nos Estados Unidos e não se desenvolver profissionalmente...
Só que o meu caso é inverso...
Na década de oitenta quando era professor da UNICAMP tive um colega que a duras penas conseguiu uma bolsa de estudos nos Estados Unidos de aperfeiçoamento em que deveria permanecer por alguns anos na terra de tio Sam.
Era casado e tinha filhos menores e conseguiu levar todo mundo para fora do País,depois de uma luta tremenda para conseguir uma bolsa de estudos,sob patrocínio da UNICAMP. Lá foi ele de mala e cuia para as terras e lugares até então desconhecidos.
Como se sabe a bolsa da UNICAMP- pelo menos aquela época era minguada e mal dava para sobreviver,em terra estrangeira,não necessariamente nos EUA,mas em qualquer lugar...Uma aventura que se pagava o preço. Hoje talvez até esteja melhor,mas na década de oitenta era uma mixaria.
Com a cara e com a coragem lá foi meu colega para uma cidade que não mais me lembro o nome,mas segundo me disse, ficou miseravelmente num local –casa-realmente pobre,para o nível dos outros colegas que vinham também do Exterior,para complementar seus estudos...
Passado um tempo, o colega ainda mantinha regularmente os estudos e tudo caminhava conforme queria...terminar o curso de especialização.
Ocorre que sua mulher que nada entendia de inglês e ao que parece não estava muito feliz com a estada naquela cidade, começou a aporrinhar o colega,dizendo coisas que não lhe agradava, como que não gostava da cidade,da casa,dos vizinhos e mesmo os filhos matriculados em escolas nos Estados Unidos, nem tudo estava bem.
Disse-me que certa feita, como não tinha geladeira em casa, passou por uma rua onde uma senhora acabara de colocar  na lixeira um geladeira novinha,para os garis levarem embora...Material descartável é mania de americano...basta dizer que hoje os computadores que ainda funcionam bem,mas não são de ultima geração, são encaminhados todos,mas todos,para países africanos,onde o pessoal está apreendendo as primeiras letras nessa maquininha que revolucionou o mundo e que deu a Bill Gates –o primeiro lugar entre os bilionários mundiais.Recorde-se que não foram os africanos que levaram Bill Gates ao pódio- de mais rico do mundo. Ao que se sabe,o milionário americano teria abandonado a faculdade e feito de sua garagem a fábrica que hoje dirige.
Voltando à geladeira no lixo... o colega bateu na porta da proprietária do utilitário e pediu se podia levar para casa,já que não tinha uma geladeira e ela gentilmente concordou...Disse-me mais tarde,aqui no País, que é necessário pedir ao proprietário a licença de levar o seu lixo.Caso contrário pode haver confusão... Assim foi...
Pobreza demais é bobagem e o fato,transitoriamente,alegrou a família...mas não foi longe essa vibração e o aporrinhação da mulher contra o colega,cada vez mais aumentava.
Certo é, que aqui, como professor da UNICAMP, não era um,como chamava Collor, demagogicamente, um “marajá”,pois,professor mesmo universitário e qualificado, nunca chega em primeiro lugar em São Silvestre,pois,não tem fôlego e jamais aplicará na Bolsa de Valores,pois seus valores são outros.Valor como dinheiro não existe... Os vencimentos eram e ainda são desprezíveis,o que faz lembrar Buda, que dizia que os militares,os professores e sacerdotes saiam de sua cabeça e os comerciantes saiam de sua barriga, o lado mais material e imundo do nosso ser...(sem  preconceitos).
Deixando Buda para lá que nada tem a ver com a história do meu colega, este acabou diante de tantos aborrecimentos conjugais a desistir do curso e voltar para o Brasil, sem concluir o curso.
 
Deprimido logo após a volta, indiquei um bom psiquiatra ao meu colega e ele desabafou e adorou o que ouviu...daquele profissional que,se presume,entende das cabeças,dos pensamentos e dos comportamentos humanos...
Hoje está divorciado...Mas nunca mais voltou aos Estados Unidos...seu curso “fez água,” como dizem os marinheiros!!!
Só não perguntei o que fez da geladeira,adquirida graciosamente numa rua que nunca saberei e cuja dona foi muito gentil.                                                                                    Ele mais tarde também descartou a mulher...Os filhos ficaram com ela.
Quando estudava no Grupo Major Prado,no primário,(hoje não sei a qualificação), a professora de Redação,sempre queria,ao final a “moral da história”.
Então para cumprir a lição de casa, a “moral da história” é a seguinte: “Uma mulher tanto eleva como derruba um homem,em qualquer situação”.
A recíproca nem sempre é verdadeira.