NASCEM FLORES SOBRE RAÍZES APODRECIDAS
Século XX, década de 50:
A Igreja "elite" se sobrepondo à Igreja "massa", tendo como cartilha a aversão do capital ao social, de inspiração macarthista.
No Brasil, a Igreja (elite) optou pelo lado do aparentemente certo:
- acima, as forças político-econômico-financeiras (aí incluídos os latifundiários) e a Igreja;
- no centro, as forças armadas, que lhes dava irrestrita garantia;
- na base, o povo - leigo, desamado e desarmado - ora indiferente, ora subserviente, crente e ufanista da Ordem e do Progresso.
Os indignados com esse equilibrado tripé antissocial, sob o qual se ocultava uma outra realidade, viram-se, em grande parte, "tangidos" e "ferrados" como "comunistas". Lutavam por uma causa e eram punidos por outra causa.
Coincidentemente, a mesma pecha atribuída pelo senador McCartney aos supostos subversivos norte-americanos.
Das ações adotadas pelos macarthistas - no auge dos patrulhamentos e perseguições -, basta aqui relembrar o caso de Charlie Chaplin, incluído na lista negra dos cinquenta atores - comunistas (?) - expulsos dos EEUU. Seu discurso, pronunciado no filme "O Grande Ditador", atingiu em cheio a operação de caça às bruxas que, então, se operava no país, principalmente quando ele se dirige aos seus iguais com o intolerável tratamento de "camaradas". Dado o caráter humanitarista do discurso, é de se supor que o único ato subversivo apontado contra Chaplin tenha sido o uso desse termo que se queria - como ainda hoje - exclusivo dos comunistas.
Ainda nessa fase de caça às bruxas, eivada de incriminações falsas, foram censurados e subtraídos das bibliotecas públicas mais de trinta mil livros que versavam sobre o social. Entre os impedidos de leitura estava o famoso Hobin Hood (de Howard Fast), ficção que denotava a vitória dos pobres sobre os ricos. "Comunismo puro", dizia-se.
A Igreja (elite) manteve-se indiferente às ideias de McCartney, embora tenha punido clérigos da Igreja (massa) que se indignaram contra os absurdos macarthistas implantados em toda a América Latina.
Alegação comodista: a Igreja precisa distanciar-se da discussão das questões sociais.
Desobedeceram a esse mandamento: os progressistas do "Ver, Julgar e Agir", os da "Teoria da Libertação" e os missionários trazidos para combater(?) o "comunismo", mas que logo se agastaram com os problemas sociais aqui encontrados.
"Não há nada mais político do que dizer que a religião nada tem a ver com a política" (Desmond Tutu, bispo sul-africano).
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Para o texto: "Sementes que não morrem..." (T4645163)
De: Damião Ramos Cavalcanti - presidente da Academia Paraibana de Letras.
Publicado neste RL e no jornal Correio da Paraíba, em 14/01/2014.
Século XX, década de 50:
A Igreja "elite" se sobrepondo à Igreja "massa", tendo como cartilha a aversão do capital ao social, de inspiração macarthista.
No Brasil, a Igreja (elite) optou pelo lado do aparentemente certo:
- acima, as forças político-econômico-financeiras (aí incluídos os latifundiários) e a Igreja;
- no centro, as forças armadas, que lhes dava irrestrita garantia;
- na base, o povo - leigo, desamado e desarmado - ora indiferente, ora subserviente, crente e ufanista da Ordem e do Progresso.
Os indignados com esse equilibrado tripé antissocial, sob o qual se ocultava uma outra realidade, viram-se, em grande parte, "tangidos" e "ferrados" como "comunistas". Lutavam por uma causa e eram punidos por outra causa.
Coincidentemente, a mesma pecha atribuída pelo senador McCartney aos supostos subversivos norte-americanos.
Das ações adotadas pelos macarthistas - no auge dos patrulhamentos e perseguições -, basta aqui relembrar o caso de Charlie Chaplin, incluído na lista negra dos cinquenta atores - comunistas (?) - expulsos dos EEUU. Seu discurso, pronunciado no filme "O Grande Ditador", atingiu em cheio a operação de caça às bruxas que, então, se operava no país, principalmente quando ele se dirige aos seus iguais com o intolerável tratamento de "camaradas". Dado o caráter humanitarista do discurso, é de se supor que o único ato subversivo apontado contra Chaplin tenha sido o uso desse termo que se queria - como ainda hoje - exclusivo dos comunistas.
Ainda nessa fase de caça às bruxas, eivada de incriminações falsas, foram censurados e subtraídos das bibliotecas públicas mais de trinta mil livros que versavam sobre o social. Entre os impedidos de leitura estava o famoso Hobin Hood (de Howard Fast), ficção que denotava a vitória dos pobres sobre os ricos. "Comunismo puro", dizia-se.
A Igreja (elite) manteve-se indiferente às ideias de McCartney, embora tenha punido clérigos da Igreja (massa) que se indignaram contra os absurdos macarthistas implantados em toda a América Latina.
Alegação comodista: a Igreja precisa distanciar-se da discussão das questões sociais.
Desobedeceram a esse mandamento: os progressistas do "Ver, Julgar e Agir", os da "Teoria da Libertação" e os missionários trazidos para combater(?) o "comunismo", mas que logo se agastaram com os problemas sociais aqui encontrados.
"Não há nada mais político do que dizer que a religião nada tem a ver com a política" (Desmond Tutu, bispo sul-africano).
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Para o texto: "Sementes que não morrem..." (T4645163)
De: Damião Ramos Cavalcanti - presidente da Academia Paraibana de Letras.
Publicado neste RL e no jornal Correio da Paraíba, em 14/01/2014.