MENINO TRABALHADOR...

MENINO TRABALHADOR...

Naquela tarde a meninada estava eufórica. O encarregado da construção do prédio do Ginásio estava requisitando meninos para quebrar pedras para a sua obra. Naquele tempo, como não havia brita, o concreto era feito com pedras quebradas . E, também, naquele tempo não era crime incentivar os meninos a trabalharem...

O encarregado pagaria cinco cruzeiros por lata de pedra quebrada. Os meninos, eufóricos, ultimavam os preparativos para o início da jornada: martelos, marretas, enxadas velhas (cacumbus). Tudo seria usado para quebrar as pedras. Esse procedimento já havia sido feito na construção da Igreja Matriz de Santo Antônio e dera um bom resultado.

Um dos filhos do farmacêutico Nonô Paiva e da Dona Fiinha, queria entrar no grupo dos meninos “quebradores de pedras”. À noite, quando os seus pais estavam ouvindo, pelo rádio, o programa “A voz do Brasil”, o filho aproximou-se do pai e disse-lhe:- Pai, amanhã, todos os meninos da cidade, vão quebrar pedras para a construção do Ginásio novo. Eu queria ir, mas não tenho uma marreta para fazer o serviço. O Sr. Nonô, mais que depressa, respondeu:- Meu filho, amanhã, vou comprar uma marreta novinha para você. - Está vendo Fiinha, como o nosso filho está com boa inclinação para o trabalho? - Sei não, respondeu a Dona Fiinha, isso deve ser “fogo de palha”...

Na manhã seguinte foi comprada a marreta e o menino foi todo feliz quebrar a sua pedra.

No fim do dia, os meninos estavam reunidos na porta da Farmácia do Sô Nonô, alegres, exibindo os trocados recebidos pelo serviço. O Sô Nonô e a Dona Fiinha estavam prestando atenção na conversa dos meninos. Foi aí que o filho deles exibiu o seu dinheiro: trinta cruzeiros! Nenhum menino havia recebido nem a metade...

O Sô Nonô, entusiasmado, disse para esposa: está vendo só, como o nosso filho desempenhou bem o serviço? È de pequenino que se torce o pepino! Esse menino vai longe...

E virando para o seu filho, perguntou-lhe:- Mirtinho, o serviço foi muito cansativo?

E o Mirtinho, com um sorriso gaiato, respondeu: Pai, eu não trabalhei, eu vendi a marreta....

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Murilo Vidigal Carneiro

Calambau , janeiro/2014

murilo de calambau
Enviado por murilo de calambau em 11/01/2014
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