Jovem perde luta para maneta e desabafa: “enfiei o pé pelas mãos”

Nos anos 90, o sucesso de Gustavo Kuerten, o Guga, popularizou o tênis no Brasil e atraiu milhares de novos praticantes para a modalidade, antes considerada elitista. No inícios dos anos 2000, algo parecido começou a ocorrer com o jiu-jitsu e outras artes marciais, graças ao êxito de atletas como Vitor Belfort e Anderson Silva.

No início, o esporte tinha toda uma aura de negatividade, visto que era comum muitos jovens se envolverem em brigas pela rua e em boates. Aproveitavam os corpos sarados, a força e a técnica de luta não para correr atrás de mulher, mas para se engalfinhar com homem. Essa situação foi imortalizada na música do rapper “Gabriel, o Pensador” “Retrato de um playboy – parte 2”: “O Bush é pitbull mas eu sou mais ainda/ Arranquei a orelha de uma loira burra linda/ Tinha um cara dançando com essa mulher na boate/ Então pensei: "Tá na hora do combate!/ Ele foi pro hospital, ela veio me dar mole/ Veio se esfregando e eu fiquei com nojo dela/ Eu mandei um mordidão e um chute na costela”.

A própria modalidade tinha um nome que não era dos mais atrativos: “Vale tudo”. Hoje, porém, a situação mudou de figura, tanto que muitas crianças e adolescentes travam contato não só com os movimentos da luta, mas também descobrem que um octógono tem oito lados. Artur Marques é um exemplo desses praticantes. Desde que começou a praticar jiu-jitsu, deixou de lado o costume de jogar bolinha de gude no carpete e de soltar pipa no ventilador para investir seu tempo em horas de contato físico com homens fortes, tatuados e sarados.

- Eu a-do-ro, eu me a-mar-ro! Diz Artur.

No entanto, recentemente, o rapaz alegre teve sua primeira tristeza com a luta. Em um combate, perdeu para um oponente que não tinha uma das mãos. Segundo Artur, seu adversário deu uma de joão-sem-braço. Marques, numa dose de autocrítica, reconhece que não foi uma estratégia das melhores abandonar o leite com pera e basear sua preparação em espinafre, vegetal que dava forças ao marinheiro Popeye. Agora, após a derrota, ele não pretende abandonar o quimono, mas pensa em outras modalidades.

- Adoraria praticar nado sincronizado ou ginástica olímpica. Quero ser igual ao meu xará, o Arthur Zanetti, e ser o menino da argola de ouro, como disse o jornal Meia Hora depois que ele ganhou o ouro em Londres. Também amaria conhecer o Diego Hypólito. Seria mara dividir um quarto com ele. Acho que seríamos bem mais do que amigos.