DEPOIS DO NATAL

Passados o Natal e suas muitas festas, confraternizações que agora se generalizaram em todos os setores, compras, presentes, jantares, cultos, festas, baladas e manifestações de todo tipo, é hora de refletirmos sobre a origem desse fenômeno presente em todos os continentes do planeta.

Não obstante a crescente mercantilização da época natalina, criticada por uns e lucrativa para outros; o oportunismo de muitas instituições que aproveitam a época para investir em sua imagem de indulgência cristã, de políticos que promovem eventos barulhentos apenas para angariar simpatia eleitoreira; e a banalização de uma data em que se comemora até dançando forró à beira-mar, há um lado do Natal que sempre merecerá a nossa atenção.

Mesmo com todas as condutas que descaracterizam o significado que cinge o nascimento de Jesus, compreensíveis até pela própria condição da natureza humana e de seu nível de evolução, a dimensão que o acontecimento tomou pelo mundo afora é de uma grandeza impressionante. Sobretudo se levarmos em conta o lugar, a época, o povo e as circunstâncias que envolveram o nascimento e a vida do Nazareno.

São muitas as vezes que nos pomos a refletir sobre como é que um ser que nasce nos confins da Judeia, num cantinho que apesar de se situar quase às margens do Mediterrâneo, nenhum glamour cultural ou social possuía, pelo contrário, numa região árida, tensa, atrasada, cheia de atritos oriundos de um arraigado egoísmo, de extrema ganância por terras, de preconceitos e discriminações religiosas, além de uma profunda injustiça social, entre outras dificuldades de convivência que perduram até hoje, vem a ser, justamente, o berço de um grande Mestre. Daquele que, segundo o educador Waldo Lima do Valle, fez, com seus apóstolos, “a maior revolução ética de todos os tempos, ao ponto dos tempos históricos do nosso mundo serem divididos em “Antes do Cristo” e “Depois do Cristo”!

E que revolução! Como ele soube criticar a hipocrisia dos religiosos, a mania de orar em voz alta pelas ruas ou em pé nas sinagogas, o equívoco das preces repetitivas, a ostentação da fé, do barulho. Como ele soube glosar o mau hábito de julgar os outros, a maldade da intolerância, da falta de compreensão e de solidariedade.

E como ainda se pratica tão pouco do que ele ensinou...
Germano Romero
Enviado por Germano Romero em 11/01/2014
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