"CAMINHO SUAVE", SUAVE CAMINHO...!
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Na fila de uma livraria em Manaus, enquanto aguardava atendimento preferencial para gastar mais de dois mil e quinhentos reais com material escolar para nosso filho, de longe observei o livro CAMINHO SUAVE, na sua centésima trigésima primeira edição, revisada, adaptada para a nova ortografia portuguesa, oportunidade em que perguntei o preço. Constatei tristemente feliz e assustado que o livro que me encaminhou pelo caminho do conhecimento, ainda custa pouco menos de 40 reais.
Não aguentei e fui ao balcão pedir para folheá-lo confirmando que sua nova edição permanecia igual e, mais uma vez, assustado, relembrei que foi naquele mesmo livro de Violeta Branca Alves com o mesmo desenho na capa, que realizei um suave caminho rumo ao saber, tendo ainda todas as mesmas lições. Nada mudou no livro, mas eu, o tempo, as verdades, a ética, a moral e os valores mudaram...No livro que abriu meu mundo para esses valores sociais, éticos e morais e no qual desenvolvi minha base educacional, nada havia mudado.
Caminhando não tão suavemente rumo ao caixa para pagar mais de dois mil e quinhentos reais com meu cartão de crédito e de minha esposa - valor parcelado em dez pagamentos, sem juros - relembrei quando cruzei pela primeira vez no portão do Grupo Escolar Adalberto Vale, no Morro da Liberdade, em 1968. Estava acostumado a sentar em um banquinho de madeira embaixo de uma árvore, ao lado da casa de minha tia Terezinha Costa Amaral. No Grupo Escolar era tudo diferente, maior, cheio de salas de aula, carteiras escolares para dois alunos com uma área para serem colocados os poucos livros, muitos alunos correndo pelos corredores, gritando...Era o máximo!
Agora, a escola me parecia imensamente estranha e cheia de salas de um lado e do outro com um corredor ao meio e, ao final, à entrada, a sala da diretora Alda Figueira Péres, que todos temiam pelo rigor da disciplina que impunha aos alunos bagunceiros que corriam pelo corredor, subiam nas carteiras, pulavam pelas janelas, em plena época do governo militar. Mas era um doce de pessoa! Isso contrastava com a ideia que tinha de uma escola, mas entrei suavemente nesse mundo que desconhecia para descobri-lo com suavidade!
Recordei-me, quase chorando de emoção por rever um livro que pensei não existisse mais, que naquela época do final dos anos 60, um caderno para escrever, outro para treinar a caligrafia, mais um para desenho, uma caneta, uma borracha, uma caixa de lápis de cor ou de cera, eram suficientes se fazer o suave caminho rumo à escola e frequntá-la, mas estava diante de uma nova e terrível verdade: o ensino exigia mais cheio de livros que os alunos não os lêem porque agora é só de CTRL “C” E CTRL “V”que vivem e que os orienta, até em trabalhos acadêmicos. Que a tecnologia tornou tudo mais fácil, é verdade, mas também emburreceu a linguagem e a escrita dos alunos porque não escrevem e nem pensam mais. Para que ler e escrever? Não existe mais necessidade: está tudo pronto na internet!
E lá estava eu e minha esposa Yara com dois cartões de crédito pagando os mais de 30 quilos de material escolar divididos em 10 pagamentos. E pensar que na década de 70, todo o material escolar não pensava mais do que dois quilos e podíamos carregá-los todos embaixo do braço! Quanta mudança para pior e quantas saudades sinto daquela época em que mesmo de sandálias de dedo todos podiam frequentar uma Escola!
Deve ser pela falta de leitura que ouvi de uma pedagoga a frase “a gente fomos...” durante entrevista de emprego! É...pode ser isso! Mas também pode não ser nada disso! Ser apenas burrice mesmo!