DAY AFTER
Eu sou do tempo que palavra dita é palavra cumprida, ou seja: se fizer promessa, cumpra! Eu estou cumprindo, a dura pena, mas cumprindo. E vou cumprir, disso não tenho a menor dúvida. O interessante nisso tudo foram os telefonemas de solidariedade, de conselhos e até de receitas para vencer o pós da falta de nicotina no organismo.
Beba bastante água, dizia um; quando der vontade de fumar, chupe uma balinha, dizia outro; nada melhor do que tomar um bom banho morno completou um terceiro.
Bem, não segui nenhuma das orientações, apesar de agradecê-las, para ser educado, mas, a melhor forma de receita é a radicalidade do gênio dentro de cada um. E quando digo gênio, digo sobre aquele menino teimoso, capaz de suportar tudo apenas para demonstrar o quanto tem o “gênio ruim”, como dizia minha avó. Pois assim sou eu.
Noite de ano, meia noite, o explodir dos fogos, os gritos de “feliz ano de 2007”, poucos conhecidos em volta e apenas uma certeza: era o último cigarro que fumava. E ele estava entre meus dedos, se esvaindo em fumaça que saia por entre dentes e boca, pra baixo da metade. No bolso ainda restavam uns oitos deles, intactos. Confesso que saboreei cada trago, como se fosse o último pedido de um condenado e quase me queimei de tanto relutar em não jogá-lo fora, aliás, jogar apenas o filtro protetor, já que fumo mesmo não existia mais. Joguei sem olhar para onde ele caia. Foi uma despedida sem choro nem vela. Não houve abraços, nem palavras de incentivos. O restante dos irmãos dele doei a um ainda convicto tabagista que estava ao meu lado. O espanto foi grande, mas a ânsia de ficar com o patrimônio, o calou de comentários que pudesse fazer-me voltar atrás.
Para me prevenir de uma possível recaída, apressei as despedidas e tomei o caminho de casa, fazendo o máximo para me enfiar rapidamente embaixo das cobertas.
Queria dormir.
Dia primeiro: suor frio, sensação de perda, vazio, fome. Dia dois: irritabilidade, impaciência, falta de ar, dor de cabeça. Dia três: tudo que já havia sentido acrescido do gosto da nicotina, a todo o momento, na boca; uma vontade de correr feito um louco e o cheiro cheiroso de fumaça no ar. Dia quatro: acordei sereno, aliviado, sem sentimento de perda, sem falta de ar, sem falta de nada.
Venci o monstro.
Já não sinto vontade de pensar em um trago; em uma tragada daquelas que a fumaça vira brasa. Não. Foi mais fácil do que pensei, porém, estava preparado para uma batalha mais ferrenha, onde a artimanha do inimigo pudesse me envolver em suas teias e me custasse um pouco de pensar para poder me livrar da armadilha.
Graças que isso não aconteceu.
O interessante foi saber que a minha crônica “o último cigarro” foi o presente de Ano Novo, dado por um amigo (Dorgival) a sua esposa (Rosângela), para ver se ela tomava coragem e também se despedia de uma vez por toda do vício que a acompanha desde a sua adolescência.
Um dia ela se separa do “amigo”, Dorgival!
Agora, o bom nessa história toda é que estou tendo um tratamento de rei, ou seja: não estou sendo contrariado em nada. Os de casa é sempre sim senhor. Os de fora – amigos – atenciosos, interessados, curiosos e companhia constante. Teve até professor que me veio parabenizar! Tudo isso para eu não perder a calma e não me estressar.
Isso é que são amigos! Obrigado.
Entretanto, teve amigo que me apoiou, deu a maior força, mas ele mesmo não teve coragem, imagine, de ir ao dentista como estava programado. Isso significa dizer que é muito fácil aconselhar, resolver os problemas alheios, dar força, porém os próprios medos não são tão fáceis assim, não é Mário?
Aos leitores da Gazeta, tabagistas ou não, um feliz 2007, cheio de muita paz, saúde e uma certeza: nós somos fortes para vencermos qualquer adversidade; qualquer mazela; qualquer vício. É só querer. Fiquem com Deus.
Eu sou do tempo que palavra dita é palavra cumprida, ou seja: se fizer promessa, cumpra! Eu estou cumprindo, a dura pena, mas cumprindo. E vou cumprir, disso não tenho a menor dúvida. O interessante nisso tudo foram os telefonemas de solidariedade, de conselhos e até de receitas para vencer o pós da falta de nicotina no organismo.
Beba bastante água, dizia um; quando der vontade de fumar, chupe uma balinha, dizia outro; nada melhor do que tomar um bom banho morno completou um terceiro.
Bem, não segui nenhuma das orientações, apesar de agradecê-las, para ser educado, mas, a melhor forma de receita é a radicalidade do gênio dentro de cada um. E quando digo gênio, digo sobre aquele menino teimoso, capaz de suportar tudo apenas para demonstrar o quanto tem o “gênio ruim”, como dizia minha avó. Pois assim sou eu.
Noite de ano, meia noite, o explodir dos fogos, os gritos de “feliz ano de 2007”, poucos conhecidos em volta e apenas uma certeza: era o último cigarro que fumava. E ele estava entre meus dedos, se esvaindo em fumaça que saia por entre dentes e boca, pra baixo da metade. No bolso ainda restavam uns oitos deles, intactos. Confesso que saboreei cada trago, como se fosse o último pedido de um condenado e quase me queimei de tanto relutar em não jogá-lo fora, aliás, jogar apenas o filtro protetor, já que fumo mesmo não existia mais. Joguei sem olhar para onde ele caia. Foi uma despedida sem choro nem vela. Não houve abraços, nem palavras de incentivos. O restante dos irmãos dele doei a um ainda convicto tabagista que estava ao meu lado. O espanto foi grande, mas a ânsia de ficar com o patrimônio, o calou de comentários que pudesse fazer-me voltar atrás.
Para me prevenir de uma possível recaída, apressei as despedidas e tomei o caminho de casa, fazendo o máximo para me enfiar rapidamente embaixo das cobertas.
Queria dormir.
Dia primeiro: suor frio, sensação de perda, vazio, fome. Dia dois: irritabilidade, impaciência, falta de ar, dor de cabeça. Dia três: tudo que já havia sentido acrescido do gosto da nicotina, a todo o momento, na boca; uma vontade de correr feito um louco e o cheiro cheiroso de fumaça no ar. Dia quatro: acordei sereno, aliviado, sem sentimento de perda, sem falta de ar, sem falta de nada.
Venci o monstro.
Já não sinto vontade de pensar em um trago; em uma tragada daquelas que a fumaça vira brasa. Não. Foi mais fácil do que pensei, porém, estava preparado para uma batalha mais ferrenha, onde a artimanha do inimigo pudesse me envolver em suas teias e me custasse um pouco de pensar para poder me livrar da armadilha.
Graças que isso não aconteceu.
O interessante foi saber que a minha crônica “o último cigarro” foi o presente de Ano Novo, dado por um amigo (Dorgival) a sua esposa (Rosângela), para ver se ela tomava coragem e também se despedia de uma vez por toda do vício que a acompanha desde a sua adolescência.
Um dia ela se separa do “amigo”, Dorgival!
Agora, o bom nessa história toda é que estou tendo um tratamento de rei, ou seja: não estou sendo contrariado em nada. Os de casa é sempre sim senhor. Os de fora – amigos – atenciosos, interessados, curiosos e companhia constante. Teve até professor que me veio parabenizar! Tudo isso para eu não perder a calma e não me estressar.
Isso é que são amigos! Obrigado.
Entretanto, teve amigo que me apoiou, deu a maior força, mas ele mesmo não teve coragem, imagine, de ir ao dentista como estava programado. Isso significa dizer que é muito fácil aconselhar, resolver os problemas alheios, dar força, porém os próprios medos não são tão fáceis assim, não é Mário?
Aos leitores da Gazeta, tabagistas ou não, um feliz 2007, cheio de muita paz, saúde e uma certeza: nós somos fortes para vencermos qualquer adversidade; qualquer mazela; qualquer vício. É só querer. Fiquem com Deus.
Obs. Imagem da internet