O ÚLTIMO CIGARRO
Sem querer fazer apologia ao vício, especificamente, ao tabagismo, esta semana eu resolvi que tinha chegado a hora de me separar do amigo de longas datas e parar de fumar.
Sim. Depois de décadas impregnando o meu pulmão de fumaça tóxica, marquei a data dessa separação: 01 de janeiro de 2007. Venho me preparando mentalmente para esse divórcio, sem dar a mínima chance de reconciliação, nem mesmo que a companhia da marca que consumo, me dê, como recompensa, cigarros de graça para o resto de minha vida.
Chega! Fiz umas contas rápidas e vi que já tornei fumaça, um carro zero quilômetro. Imagine! É certo que foram anos de puxar e soltar o ar; um abrir e amassar carteiras vazias; um sair altas horas para buscar o produto nos lugares mais diferentes da cidade (até com risco de vida), tudo isso para abastecer de nicotina, a corrente sanguínea ávida de desejos, como querendo apenas o fumo como fonte de vida.
É claro que o principal motivo dessa separação é a conscientização do mal que o tabagismo faz. Não é fácil crer que, algo que lhe acalma, lhe sossega, lhe deixa relaxado, faça mal ao seu corpo (quem fuma sabe do que eu estou falando). Mas, nunca é tarde para superar essa ignorância de que tudo que ofende, ofende somente aos outros, nunca a você. E que propaganda nem sempre reflete a realidade, no máximo, o glamour dos incautos.
É claro que a minha geração foi influenciada por Hollywood e seus atores – quem não se lembra de Hamphey Bogart em “Casa Blanca”; Clark Gable em “E o Vento Levou”; John Wayne em “Rio Bravo”? – e atrizes como: Marilyn Monroe, Sofia Loren, Catherine Deneuve, Audrey Hepburn –, todos e todas, invariavelmente, apareciam em cena, acendendo o símbolo de ser chique, ou seja, o famigerado cigarro.
E como somos perfeitamente seguidores de nossos ícones, ser o “máximo” era imitá-los e com isso produzir, em realidade, o que a ficção e a fantasia de Hollywood passavam para todos nós. Isso sem falar na contra cultura, onde tudo era sinônimo de rebeldia e protesto, abastecendo ainda mais o desejo incessante de mais uma tragada.
Agora, o que antes era chique, hoje é brega. E isso faz diferença e muda conceitos.
Apesar de estar convicto de que vou deixar de fumar, não posso esquecer que os conselhos dos mais jovens; as insistentes ordens de meus filhos; os apelos dos amigos (principalmente de Célia, Mário Gérson, Neurisberg, Rogério); as orações de minha mãe e de minha cônjuge foram o estopim para a tomada final de minha decisão, isso foi.
Por outro lado, fico a imaginar quem vai substituí-lo a altura, é claro, já que o mesmo nunca me abandonou, seja nos momentos difíceis ou nos melhores momentos; nas horas intermináveis de solidão e nas horas de espera; nas longas madrugadas atrás de um volante de caminhão ou em frente a esse computador, escrevendo mais uma crônica.
Com certeza haverá uma substituição, só espero que dessa vez seja benéfica. Nada de bombons para ludibriar a ansiedade e a falta de nicotina no organismo e nada de adesivo para enganar o cérebro. Uma coisa é certa: nada de café e muito menos, um copo de cerveja. Uma coisa leva a outra. Abstenção total!
E tem mais: quando você percebe que as pessoas estão se afastando de você, pelo simples fato de você meter a mão no bolso e retirar o maço de cigarros; quando os mais jovens começam a lhe dizer para tirar essa idéia da cabeça; quando você se vê obrigado a se afastar dos demais para poder acender o indesejado cigarro; quando num bloco inteiro de universitários, só você fuma, então só resta começar a raciocinar de que você está errado em alguma coisa.
E o mais importante entre todos os avisos: a perda dos amigos que se foram devido ao mal causado pelo vício do fumo. Porém, como somos descrentes na maioria das vezes, o que causa o maior impacto mesmo é o que pode vir a lhe prejudicar no seu orgulho de homem, ou seja: o aviso colocado em um dos lados do maço, onde aparece um cigarro queimado pela metade e suas cinzas fazendo uma curvatura, numa clara alusão a impotência sexual.
Por tudo isso e por ter reencontrado um pouco de inteligência em mim, cigarro nunca mais... A partir de 01 de janeiro de 2007.
Sem querer fazer apologia ao vício, especificamente, ao tabagismo, esta semana eu resolvi que tinha chegado a hora de me separar do amigo de longas datas e parar de fumar.
Sim. Depois de décadas impregnando o meu pulmão de fumaça tóxica, marquei a data dessa separação: 01 de janeiro de 2007. Venho me preparando mentalmente para esse divórcio, sem dar a mínima chance de reconciliação, nem mesmo que a companhia da marca que consumo, me dê, como recompensa, cigarros de graça para o resto de minha vida.
Chega! Fiz umas contas rápidas e vi que já tornei fumaça, um carro zero quilômetro. Imagine! É certo que foram anos de puxar e soltar o ar; um abrir e amassar carteiras vazias; um sair altas horas para buscar o produto nos lugares mais diferentes da cidade (até com risco de vida), tudo isso para abastecer de nicotina, a corrente sanguínea ávida de desejos, como querendo apenas o fumo como fonte de vida.
É claro que o principal motivo dessa separação é a conscientização do mal que o tabagismo faz. Não é fácil crer que, algo que lhe acalma, lhe sossega, lhe deixa relaxado, faça mal ao seu corpo (quem fuma sabe do que eu estou falando). Mas, nunca é tarde para superar essa ignorância de que tudo que ofende, ofende somente aos outros, nunca a você. E que propaganda nem sempre reflete a realidade, no máximo, o glamour dos incautos.
É claro que a minha geração foi influenciada por Hollywood e seus atores – quem não se lembra de Hamphey Bogart em “Casa Blanca”; Clark Gable em “E o Vento Levou”; John Wayne em “Rio Bravo”? – e atrizes como: Marilyn Monroe, Sofia Loren, Catherine Deneuve, Audrey Hepburn –, todos e todas, invariavelmente, apareciam em cena, acendendo o símbolo de ser chique, ou seja, o famigerado cigarro.
E como somos perfeitamente seguidores de nossos ícones, ser o “máximo” era imitá-los e com isso produzir, em realidade, o que a ficção e a fantasia de Hollywood passavam para todos nós. Isso sem falar na contra cultura, onde tudo era sinônimo de rebeldia e protesto, abastecendo ainda mais o desejo incessante de mais uma tragada.
Agora, o que antes era chique, hoje é brega. E isso faz diferença e muda conceitos.
Apesar de estar convicto de que vou deixar de fumar, não posso esquecer que os conselhos dos mais jovens; as insistentes ordens de meus filhos; os apelos dos amigos (principalmente de Célia, Mário Gérson, Neurisberg, Rogério); as orações de minha mãe e de minha cônjuge foram o estopim para a tomada final de minha decisão, isso foi.
Por outro lado, fico a imaginar quem vai substituí-lo a altura, é claro, já que o mesmo nunca me abandonou, seja nos momentos difíceis ou nos melhores momentos; nas horas intermináveis de solidão e nas horas de espera; nas longas madrugadas atrás de um volante de caminhão ou em frente a esse computador, escrevendo mais uma crônica.
Com certeza haverá uma substituição, só espero que dessa vez seja benéfica. Nada de bombons para ludibriar a ansiedade e a falta de nicotina no organismo e nada de adesivo para enganar o cérebro. Uma coisa é certa: nada de café e muito menos, um copo de cerveja. Uma coisa leva a outra. Abstenção total!
E tem mais: quando você percebe que as pessoas estão se afastando de você, pelo simples fato de você meter a mão no bolso e retirar o maço de cigarros; quando os mais jovens começam a lhe dizer para tirar essa idéia da cabeça; quando você se vê obrigado a se afastar dos demais para poder acender o indesejado cigarro; quando num bloco inteiro de universitários, só você fuma, então só resta começar a raciocinar de que você está errado em alguma coisa.
E o mais importante entre todos os avisos: a perda dos amigos que se foram devido ao mal causado pelo vício do fumo. Porém, como somos descrentes na maioria das vezes, o que causa o maior impacto mesmo é o que pode vir a lhe prejudicar no seu orgulho de homem, ou seja: o aviso colocado em um dos lados do maço, onde aparece um cigarro queimado pela metade e suas cinzas fazendo uma curvatura, numa clara alusão a impotência sexual.
Por tudo isso e por ter reencontrado um pouco de inteligência em mim, cigarro nunca mais... A partir de 01 de janeiro de 2007.
Obs. Imagem da internet