<> O CENTENÁRIO DE PARAOPEBA <>

Faltando três meses para a festa do centenário da pequena Paraopeba, a Cidade não falava de outra coisa. A Igreja da Matriz foi pintada com requinte de uma Basílica. Casas e casebres, por toda a Rua Direita, foram repintadas com um capricho efusivo para o momento histórico. Tudo pronto. Autoridades políticas e o clero regional confirmaram presença. Fazendeiros se cotizaram para um churrasco monumental. O Prefeito Zé Bitelo foi cerimonioso. Homem de “pouca leitura”, não se fez de rogado, e encomendou o discurso e o Terno na cidade polo de Diamantina

Enfim, chegara o grande dia. Na programação constava, missa na Matriz com badalar dos sinos o dia todo. Também uma partida de futebol entre o Cedro F.C. e o Peba Futebol Clube. A noite, um show na praça com a dupla Herculano e Herculino, sucesso regional de Corinto. A praça e o palanque já estavam apinhados. Tinha moleques até nos galhos das árvores. Aí o locutor deu aquele tradicional tok tok no microfone: alô, alô, som. A seguir Banda atacou. Diversos vereadores tomaram a palavra. A "Zora" foi homenageada como a 1ª tecelã do Brasil. Mas o ponto alto da festa estava focado no pronunciamento do Prefeito.

-Senhoras e senhores. Nesse momento, passo a palavra ao nosso digníssimo prefeito, o Sr. Zé Bitelo; que, tomado pela emoção, deu alguns passos imprecisos e se aproximou. Enfiou a mão trêmula no bolso do paletó, cuja gravata já o incomodava. Não achou o discurso decorado previamente com palavras que ele mesmo desconhecia. A gravata já lhe parecia forca. Depois apalpou outros bolsos e NADA! Agora, com a vista já embaraçada soltou a primeira frase decorada. COMEÇOU:

“-Quero agradecer as autoridades civis e eclesiásticas por suas honrosas presenças. -e continuou-: Concidadãos Paraopebenses, é com o espírito altivo que me dirijo a vocês, NÃO COMO PREFEITO, mas como um cidadão comum a quem Deus deu o presente de ter nascido aqui. (arrasou!!!) ”Seguiu-se intensa salva de palmas e fogos de artifícios. Ai a emoção tomou conta de vez. Deu um branco. Não se lembrava mais de nem uma palavra do discurso oficial. Apalpou mais uma vez os bolsos numa esperança vã, E SE PERDEU NUM IMPROVISO TOTAL:

-Aqui é a terra do trabalho. Estamos terminando o calçamento da Rua Direita para o 'tráfico' fluir melhor. Estamos acabando o nosso posto de saúde onde haverá uma ala de "pederastia" para atender nossas crianças. Outro "poblema" da maior "gravidez" é a iluminação "púbrica". Prometo dar á luz até no fim do ano, onde homens e mulheres poderão "transar" pra lá e pra cá em plena claridade. Estamos construindo o nosso zoológico municipal, uma verdadeira "zoofilia" para todos nós. E a "Esse-lentíssimo" Sr, Juiz, aqui presente, prometo que o nosso fórum será inaugurado até fim do anus". Também estamos protegendo nossas matas com lei aprovada, que proíbe o "defloramento" das árvores. E não adianta a oposição "meter o pau por trás". O povo sabe que tudo Isto é "furto" do meu trabalho. Este mês estamos terminando nosso poço artesiano na Praça, que já deu sinais porque a terra já está com 'umildade'. E meu único 'diadema' hoje é só a Covid-19. Mais palmas, muito mais.

(entre parenteses).Preciso dizer que nesse dia o Cedro inteiro invadiu Paraopeba para o grande jogo. Pelo que contam, estavam lá, Dr. Guilherme, Fulô, Nazon, Olavo, Laudônio, Roberto Rego,Tuca, Bereco, Jaiminho, Silvinho beiçola, Constantino e Nem Babão, entre outros.

O Fato é que Zé Bitelo foi nessa toada até que, já suando em bicas, enfiou a mão no bolso da bunda buscando um lenço que veio atracado com um lindo discurso. Mas aí já era tarde. A festa foi madrugada a dentro. O Cedro F.C venceu o Peba de 7 a 1. Quatro gols de Constantino Rego e três do Olavo Felix.

Obs. Betinho

Tudo fictício. Apenas pretexto pra mandar ao Super primo um abraço.

do primo Marcio Felix. Espero que esteja tudo bem por aí, Você, esposa e os meninos.